No próximo dia 18 de novembro, no Centro Cultural de Belém, a AGEFE – Associação Portuguesa da Indústria Eletrodigital assinala cinco décadas de atividade. A celebração do cinquentenário surge como uma oportunidade de convocar a indústria, as empresas, a academia e os decisores políticos para um debate estruturado sobre o futuro, num momento em que a transformação tecnológica, energética e geopolítica impõe mudanças profundas na forma como produzimos, consumimos, comunicamos e gerimos infraestruturas.
Sob o mote “Desafio 2050: O Futuro da Indústria Eletrodigital”, a AGEFE promove um encontro que pretende analisar tendências, antecipar riscos, identificar oportunidades e reforçar o papel estratégico de um setor que, estando presente em praticamente todas as atividades económicas, continua, ainda assim, a ser pouco visível no debate público. O evento reunirá responsáveis políticos, líderes empresariais, especialistas e académicos, num exercício de visão prospetiva que procura situar Portugal num novo mapa industrial europeu, mais digital, mais sustentável e tecnologicamente mais exigente.
A indústria eletrodigital é hoje uma peça-chave na modernização das infraestruturas, na eficiência energética dos edifícios e das empresas, no conforto das famílias, no desenvolvimento de redes inteligentes e na viabilização de novos modos de mobilidade, desde os veículos elétricos às plataformas de gestão urbana. Ao longo das últimas décadas, este setor foi pioneiro de grande parte da evolução tecnológica que transformou os padrões de vida e a organização económica, desde a eletrificação ao digital, do eletrodoméstico inteligente à conectividade industrial. O evento do 50.º aniversário procura agora dar expressão pública a esse papel fundamental e projetar o que ainda está por vir.
“Celebrar 50 anos é também projetar o futuro. Queremos contribuir para uma visão clara sobre o papel que Portugal pode desempenhar numa indústria que é motor da transição energética, da digitalização e da eficiência”, afirma Nuno Lameiras, presidente da AGEFE. O dirigente destaca que, num contexto global de mudança acelerada, “a indústria eletrodigital é estruturante para a economia nacional e essencial para o conforto, a sustentabilidade e a competitividade das empresas e das famílias”, reforçando que é chegada a altura de colocar este setor na agenda estratégica do país.
Um marco para o setor hoje e um ponto de partida para o futuro
O ponto alto do programa deste dia será a apresentação das conclusões preliminares do estudo “A Indústria Eletrodigital: Perspetivas de Evolução na Cadeia de Valor”, desenvolvido em parceria com a EY-Parthenon no âmbito do Portugal 2030. Trata-se de um documento que não apenas analisa o setor no estado atual, mas identifica as condições essenciais para que Portugal possa aumentar valor acrescentado gerado internamente, atrair investimento qualificado, estimular inovação tecnológica e posicionar-se como um território de referência em soluções eletrodigitais.
O estudo observa a evolução dos mercados, da tecnologia, das competências e da regulação, propondo um conjunto de recomendações para reforçar a competitividade das empresas portuguesas e a sua integração em cadeias globais cada vez mais seletivas.
Ao apresentar publicamente este estudo, a AGEFE reforça o seu compromisso com uma atuação orientada por dados, tendências internacionais e pela necessidade de garantir que Portugal não permanece apenas como utilizador de tecnologia e energia, mas que também se afirma como um agente ativo e criador de valor no ecossistema eletrodigital que tem um inegável peso na indústria e economia do país.
Geopolítica, economia e empresas em contexto de mudança
A seguir à apresentação do estudo, terá lugar a sessão “Tendências na Geopolítica, Economia e Empresas”, que conta com a participação de António Costa Silva, António Ramalho e Paulo Portas, três personalidades que, ao longo dos últimos anos, têm contribuído significativamente para a interpretação das dinâmicas económicas globais e dos seus impactos no desenvolvimento industrial.
Num mundo marcado pela reconfiguração de cadeias de abastecimento, competição tecnológica entre blocos económicos, pressão sobre recursos energéticos e aceleração da inovação, este painel de excelência procurará explorar o que estes movimentos significam para a indústria eletrodigital e quais as competências, investimentos e políticas públicas são necessárias para que Portugal se afirme como gerador de uma economia industrial ainda mais relevante. O debate abordará também a nova geografia industrial, que está a emergir na Europa, na sequência da transição verde e digital, bem como os riscos associados à dependência tecnológica de mercados externos.
A mesa redonda que seguirá às intervenções permitirá consolidar ideias, cruzar perspetivas e identificar caminhos possíveis para a evolução do setor até 2050, reforçando o carácter prospetivo e estratégico deste encontro.
Porquê agora e porquê 2050?
A escolha do ano 2050 como horizonte estratégico reflete a convergência de múltiplos fatores estruturantes. É este o horizonte temporal para a neutralidade carbónica da União Europeia, para a transição para sistemas energéticos renováveis integrados com infraestruturas digitais avançadas e para a maturação de tecnologias emergentes – da automação à inteligência artificial aplicada à indústria, da eletrónica de potência aos sistemas inteligentes de consumo e gestão de energia.
Ao mesmo tempo, 2050 é o ponto em que a atual transformação tecnológica terá remodelado profundamente os modelos de produção, distribuição e consumo, exigindo soluções eletrodigitais altamente eficientes, resilientes e interoperáveis. É também o momento em que a economia circular deverá estar plenamente integrada na conceção e utilização dos equipamentos, desde a origem dos materiais até à regeneração dos sistemas.
A AGEFE reconhece que o país precisa de olhar para este futuro com ambição e visão de longo prazo. Por isso, o evento integra igualmente uma reflexão sobre o reforço da capacidade industrial nacional, sobre o papel das empresas portuguesas nas cadeias globais de valor e sobre a necessidade de desenvolver talento altamente qualificado para sustentar o crescimento do setor.
Uma indústria com relevância económica e social
A AGEFE representa hoje um universo de mais de 160 empresas, que empregam cerca de 11 mil trabalhadores e geram um volume de negócios superior a cinco mil milhões de euros. São associadas que operam nos setores elétrico, eletrodoméstico, eletrónico e das tecnologias de informação e comunicação, atuando no desenvolvimento de soluções que sustentam a modernização das infraestruturas, o desempenho energético e o digital nas organizações.
Ao celebrar os seus 50 anos, a associação destaca o percurso feito, mas assume igualmente a responsabilidade de continuar a ser um agente ativo na consolidação de um setor essencial para o futuro do país. O evento incluirá ainda momentos institucionais, um cocktail de networking e um jantar comemorativo, reunindo associados, parceiros e convidados num ambiente que celebra não apenas o passado, mas sobretudo uma visão coletiva sobre e para o futuro.