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Agenda ECP acelera a transformação de uma indústria da cerâmica e cristalaria mais verde

A ECP Green Conference, realizada no Convento São Francisco, em Coimbra, reforçou a importância do consórcio ECP (Agenda Mobilizadora Ecocerâmica e Cristalaria de Portugal), iniciativa coletiva que reúne 30 entidades, para pôr o setor na vanguarda da sustentabilidade, inovação e eficiência.

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Teodorico Pais, representante da entidade líder da Agenda ECP, a Vista Alegre Atlantis (VAA)
Teodorico Pais, representante da entidade líder da Agenda ECP, a Vista Alegre Atlantis (VAA)

“Transformar os desafios da cerâmica e cristalaria em progresso é o propósito da missão do consórcio ECP”, afirmou Teodorico Pais, representante da entidade líder da Agenda ECP, a Vista Alegre Atlantis (VAA), financiada pelo PRR – Plano de Recuperação e Resiliência, durante a sessão de abertura da ECP Green Conference 2025, que decorreu em Coimbra. Uma visão que o responsável diz estruturar-se em quatro pilares essenciais: “Sustentabilidade energética, economia circular, transição digital e capacitação.”

O representante da entidade líder da , uma iniciativa setorial coletiva da indústria portuguesa de cerâmica e cristalaria, aproveitou para mostrar agrado com a aprovação da reprogramação da agenda, “permitindo estender o prazo até junho de 2026, garantindo mais tempo para consolidar resultados”, mas também “ampliar o impacto do projeto”, uma vez que acrescentou igualmente mais sete PPS (produtos, processos e serviços resultantes do projeto), aumentando o objetivo para 40 no total, com uma majoração de “mais sete milhões de euros de incentivos”.

“Este reforço demonstra a confiança das entidades financiadoras na capacidade deste consórcio em transformar investimento em resultados concretos para o setor. No total, a agenda perfaz 118 milhões de euros”, explica, antes de sublinhar que o projeto, “mais do que um exercício de inovação, é um esforço coletivo de reposicionar os setores da cerâmica e cristalaria, afirmando a sua competitividade, sustentabilidade e capacidade de liderar em áreas em que Portugal é e deve continuar a ser uma referência na internacionalização”.

Segundo Teodorico Pais, até final de setembro, a agenda alcançou “uma execução física próxima dos 77%, o que demonstra a consistência do trabalho e a capacidade de cumprir objetivos exigentes”, e na execução financeira ultrapassaram já “os 48% reportados, confirmando que os recursos estão a ser mobilizados de forma sólida e eficaz”.

Para o futuro, o representante da entidade líder aponta que a “Agenda ECP será um modelo de referência para outras indústrias que procuram equilibrar competitividade com sustentabilidade”. “Este movimento foi precursor e indutor de novas dinâmicas de cooperação e inovação”, acrescentou, antes de deixar uma mensagem final de encorajamento para que se continue a “trabalhar em regime de consórcio, em novos programas e parcerias, para reforçar a nossa ambição e aumentar o contributo na criação de riqueza através da Cerâmica e Cristalaria de Portugal”.

“Portugal é o maior exportador mundial de louça de mesa em cerâmica. Queremos ser também o primeiro em cerâmica descarbonizada?” Foi com esta questão que Pedro Dominguinhos, presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR, iniciou a sua intervenção, que abordou o estado de execução em Portugal, no geral, e do setor da cerâmica e cristalaria, em particular, destacando desafios, metas e perspetivas futuras. “Portugal continua a ser dos países que mais executam o PRR na Europa”, confirma Pedro Dominguinhos, alertando, no entanto, que “ainda enfrenta obstáculos, sobretudo em infraestruturas, habitação e inovação”, admitindo que a execução financeira e a física nem sempre avançam ao mesmo ritmo. O presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR avisou mesmo que existem metas exigentes por cumprir, pois “2026 é um prazo inegociável. Tudo tem de estar concluído até lá.”

Sobre o setor da cerâmica e cristalaria, advertiu que “quem não conseguir provar que reduz emissões, que usa energia mais limpa, que conhece a pegada de carbono de cada produto, arrisca-se a ficar de fora do próximo ciclo de crescimento”. “A Agenda ECP existe precisamente para evitar esse risco, para transformar esta ameaça em oportunidade. O que temos vindo a assistir, novos fornos, novos materiais, maior eficiência energética, digitalização dos processos, simulação e controlo em tempo real, não é apenas inovação tecnológica, é condição para continuarmos a produzir e a exportar a partir de Portugal, a criar emprego qualificado e a criar mais riqueza”, afirmou, destacando o impacto da agenda ECP na inovação, competitividade e sustentabilidade do setor: “Foi o setor como um todo que assumiu que queria trilhar esse caminho a partir da cooperação. E que queria liderar não apenas em Portugal, mas a nível europeu e a nível mundial”, disse, antes de projetar que “se a agenda for bem-sucedida, de 2027 a 2030, poderemos dizer que produzimos de forma eficiente, com menos emissões, menos desperdício e com maior eficiência. Vendemos de forma diferente, com argumento de sustentabilidade, com contratos e preços para novos mercados e trabalhamos de forma diferente, com mais cooperação entre empresas, centros tecnológicos, universidades e com pessoas mais qualificadas e com maior digitalização.”

Teodorico Pais, representante da entidade líder da Agenda ECP, a Vista Alegre Atlantis (VAA)
Pedro Dominguinhos, presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR

As metas do Acordo de Paris e o contexto geopolítico

Sílvia Garcia, administradora da Agência Nacional de Inovação (ANI), com o tema “Inovação: o impulso do futuro”, destacou como a inovação e o financiamento, através da Agenda ECP e do PRR, são fatores cruciais para a transição verde do setor, relevando o papel da ANI no caminho trilhado, bem como mostrando “instrumentos disponíveis” que podem apoiar a indústria da cerâmica e cristalaria. Destacou, ainda, os desafios do setor, nomeadamente o “consumo intensivo energético, as possíveis disrupções na cadeia de valor, matérias-primas e a digitalização”.

A responsável da ANI antecedeu outro dos momentos mais aguardados da conferência, a mesa-redonda, com moderação da jornalista Carla Ascenção, e participação de Paulo Portas, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, e Inês dos Santos Costa, ex-secretária de Estado do Ambiente. O debate centrou-se na sustentabilidade e competitividade nas empresas, com base no Acordo de Paris, à luz do que é o contexto geopolítico atual.

Inês dos Santos Costa sublinhou a importância de se deixar de olhar para a sustentabilidade como um custo. “Há uma perceção, uma ideia de que é um custo, que é uma chatice, é burocracia. Mas, na verdade, é um investimento para uma resiliência associada ao negócio", afirmou, antes de abordar, igualmente, as alterações propostas pelo pacote Omnibus, que promove medidas legislativas que visam promover práticas sustentáveis, inclusão social e transparência, nomeadamente através da simplificação das regras de relato financeiro e de sustentabilidade. “O objetivo é chamar as empresas para perceberem o seu contexto e dotarem-se de informação sobre que riscos aquelas que estejam sujeitas no curso a longo prazo da sua cadeia de valor e que oportunidades de negócio e de eficiência poderiam surgir”, explicou.

Paulo Portas olhou para a descarbonização no contexto geopolítico e advertiu para o risco de a Europa ficar sozinha no Acordo de Paris. “A Europa não vai mudar de direção, o caminho das renováveis é o certo, pois não tem gás nem petróleo, mas vai mudar de velocidade”, acredita, considerando também que a Europa precisa da colaboração de outras potências, frisando o papel dos Estados Unidos e da China, o primeiro a navegar sobre “instabilidade” e a segunda a jogar a “médio e longo prazo”. “[A China] tem cartas em vários pontos da mesa, com o claro objetivo de ser autossuficiente e já é o maior investidor em energias renováveis do mundo”, apontou Paulo Portas.

Relativamente ao setor da cerâmica e cristalaria, Inês dos Santos Costa e Paulo Portas reforçam que os setores não estão parados. “Os setores sabem o que tem de fazer para equilibrar desempenho económico, social e ambiental”, mas advertem que não podemos “exigir objetivos impossíveis. A transição tem de ser feita degrau em degrau.” “As simbioses industriais podem ser um dos grandes motores de resiliência para estes setores”, disse a ex-secretária de Estado, numa alusão ao consórcio ECP.

A “Sustentabilidade energética: o motor para um futuro competitivo”, por Victor Francisco, do CTCV (Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro), e a “Economia circular e simbioses industriais: quando o resíduo passa a recurso”, com Cátia Carreira, da Vista Alegre Atlantis, foram os dois painéis que fecharam a manhã. Victor Francisco abordou o papel da eficiência e das energias renováveis na descarbonização, nomeadamente o hidrogénio e “a conversão dos nossos fornos para o uso de hidrogénio verde”.

Já Cátia Carreira enalteceu a capacidade das simbioses industriais, do reaproveitamento de matérias-primas e de a circularidade criar oportunidades de negócio, igualmente com exemplos já produzidos ou em desenvolvimento da Vista Alegre Atlantis.

Teodorico Pais, representante da entidade líder da Agenda ECP, a Vista Alegre Atlantis (VAA)
A conferência, no Convento São Francisco, em Coimbra, teve uma ótima assistência.

Cerâmica e cristalaria a “Dar ao Pedal”

A sessão da tarde, de um evento dedicado a promover a sustentabilidade, a inovação e a eficiência no setor da cerâmica e da cristalaria, começou a “todo o pedal”, com a energética palestra de Jorge Sequeira. Com base no seu livro “Dar ao Pedal”, o psicólogo e professor abordou a liderança, a motivação de equipas e pôs toda a (repleta) plateia a gritar o icónico “SiiiM” de Cristiano Ronaldo e a cantar “O Homem do Leme” dos Xutos & Pontapés.

A “Transição digital: motor de transformação: a fábrica de amanhã começa nos dados de hoje”, por Pedro Roseiro, Project Management officer do INOV, e “Capacitar para crescer: preparar as profissões do futuro”, com Sandra Carvalho, do CTCV, foram outros temas abordados da conferência.

A ECP Green Conference encerrou com as intervenções de Albertina Sequeira, vice-presidente executiva da APICER, Jorge Marques dos Santos, presidente do Conselho de Administração do CTCV, e Jorge Vieira, presidente da APICER. “Vamos continuar a trabalhar e vamos fazer acontecer”, disse Albertina Sequeira, antes de deixar duas datas importantes: “30 de junho de 2026, que marca o término dos trabalhos desta agenda mobilizadora” e, ainda antes, 27 de maio de 2026, no Pavilhão de Portugal, no Parque das Nações, em Lisboa, palco onde terá lugar “a conferência de encerramento da Agenda ECP”.

Finalmente, Jorge Vieira, no encerramento da “celebração da cerâmica e da cristalaria”, começou por solicitar que “as metas possam ser ajustadas à sua execução”. “As indústrias da cerâmica e da cristalaria fizeram e continuarão a fazer a sua parte no que à descarbonização diz respeito, daí o apelo ao governo e aos organismos envolvidos para que se conciliem as exigências com as disponibilidades das novas energias. As empresas não devem ser penalizadas pela área onde não têm parte ativa."

POP-UP ECP

Além da ECP Green Conference 2025, no jardim do Convento São Francisco, o público pôde visitar o POP-UP ECP – Ecocerâmica e Cristalaria de Portugal Showcase, um espaço imersivo em forma de “cápsula” que convida à descoberta e partilha dos resultados alcançados e da visão da Agenda ECP. No fundo, apresenta as inovações tecnológicas e ambientais que estão a transformar os setores da cerâmica e da cristalaria em Portugal, bem como evidencia “as sinergias entre os diversos parceiros da agenda”, como refere Cátia Carreira. “A agenda tem o propósito de atingir 40 PPS. Alguns já estão num estado muito avançado, ou já terminaram, ou vão terminar até ao final do ano, e a nossa pretensão é demonstrar o que já fizemos e o que é que vamos entregar ao mercado”, explica Cátia Carreira.

“O que está aqui demonstrado representa três anos de trabalho de um consórcio que envolve mais de 30 entidades, portanto, temos toda a cadeia de valor representada”, completou Victor Francisco, responsável de Inovação e Desenvolvimento do CTCV.

“Este espaço revela resiliência, grande capacidade de cooperação e inovação dos setores”, afirmou Cátia Carreira, antes de sublinhar que o projeto foi também importante para “criar redes de cooperação muito para o futuro”.

Teodorico Pais, representante da entidade líder da Agenda ECP, a Vista Alegre Atlantis (VAA)
POP-UP ECP – Ecocerâmica e Cristalaria de Portugal Showcase, um espaço imersivo

70% da agenda ECP cumprida

À margem da sua intervenção na conferência, Teodorico Pais apontou metas nos propósitos da Agenda ECP, vocacionada para enfrentar os desafios da sustentabilidade, transição energética, circularidade e digitalização, “fatores de competitividade fundamentais”. Num setor que “exporta mais de 70%”, energeticamente intensivo, que recorre muito ao gás natural, portanto, com uma pegada carbónica elevada, “a transição energética é fulcral”.

“A conversão dos nossos fornos, que já estão preparados para a utilização de vetores energéticos mais sustentáveis, como o hidrogénio e os biocombustíveis”, bem como “o passaporte digital dos produtos” são disso exemplos e “fatores de diferenciação”.

Com “70% da agenda cumprida”, o representante da entidade líder da Agenda ECP destaca “esta forma colaborativa bastante positiva, que é um indutor para a continuidade de dinâmicas de inovação, crescimento e internacionalização”, pois “a cerâmica e cristalaria é um dos setores que dão um contributo muito relevante para o país”. Teodorico Pais aponta para uma “redução setor na ordem dos 20% da nossa pegada carbónica”.

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