A FRASE...
"(…) É de relembrar que as eleições determinam quem ganha o poder (Trump), não quem oferece a verdade."
Paul Krugman, New York Times, 12-13 de Novembro de 2016
A ANÁLISE...
A generalidade dos media - os profissionais e os seus colaboradores - têm vindo a errar sucessivamente sobre as opções da democracia dos votos. A "Trump era" não se devia ter iniciado, o Brexit ocorrido, nem a aproximação ao poder dos partidos radicais à esquerda e direita. Ao invés de questionarem os seus métodos de aproximação à realidade, debatem a essência da democracia, seguindo a máxima leninista de quando a realidade não coincide com a teoria, mude-se a realidade. Os fracassos são evidentes. E a cada derrota das teses prevalecentes, em vez de se remeterem ao silêncio da reflexão sobre o erro de análise, voltam a repisar os termos para manter uma estratégia de desgaste e a desqualificar os opositores, agora vencedores. E o mundo rolará para além do seu totalitarismo mediático. Como me dizia um experiente político europeu em privado na reunião da Trilateral deste fim-de-semana ocorrida em Lisboa - brilhantemente conduzida por Braga de Macedo e Trichet -, há políticos, pensadores e jornalistas que entendem que a inteligência não está uniformemente distribuída. Centram-se em soluções que adiam a reforma do "establishment", deixando os descamisados entregues a si mesmos e fora do circuito do poder. Nunca assumem que o opositor pode ter razão. Digladiam-se para explicar que o opositor não devia ter nascido, como se a história dos homens fosse uma construção social previsível.
Num dos seus ensaios Bobbio referia que "… o ausente crescimento da educação…, segundo a qual o cidadão investido do poder de eleger os próprios governantes acabaria por escolher os mais sábios, os mais honestos e os mais esclarecidos dentre os seus concidadãos, pode ser considerado como o efeito da ilusão: o homem persegue o próprio interesse tanto no mercado económico como no político". Sabiamente que concluía que "o voto é uma mercadoria que se cede ao melhor ofertante". Em geral, os que não acreditam nos resultados do mercado na economia não aceitam os do mercado político. O totalitarismo fará sempre parte das suas vidas.
Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.
maovisivel@gmail.com
Mais nada caro autor... se durante 60 anos Portugal teve uma elite reaccionária próspera... porque raio não haverá de a ter novamente !
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A FRASE...
"(…) É de relembrar que as eleições determinam quem ganha o poder (Trump), não quem oferece a verdade."
Paul Krugman, New York Times, 12-13 de Novembro de 2016
A ANÁLISE...
A generalidade dos media - os profissionais e os seus colaboradores - têm vindo a errar sucessivamente sobre as opções da democracia dos votos. A "Trump era" não se devia ter iniciado, o Brexit ocorrido, nem a aproximação ao poder dos partidos radicais à esquerda e direita. Ao invés de questionarem os seus métodos de aproximação à realidade, debatem a essência da democracia, seguindo a máxima leninista de quando a realidade não coincide com a teoria, mude-se a realidade. Os fracassos são evidentes. E a cada derrota das teses prevalecentes, em vez de se remeterem ao silêncio da reflexão sobre o erro de análise, voltam a repisar os termos para manter uma estratégia de desgaste e a desqualificar os opositores, agora vencedores. E o mundo rolará para além do seu totalitarismo mediático. Como me dizia um experiente político europeu em privado na reunião da Trilateral deste fim-de-semana ocorrida em Lisboa - brilhantemente conduzida por Braga de Macedo e Trichet -, há políticos, pensadores e jornalistas que entendem que a inteligência não está uniformemente distribuída. Centram-se em soluções que adiam a reforma do "establishment", deixando os descamisados entregues a si mesmos e fora do circuito do poder. Nunca assumem que o opositor pode ter razão. Digladiam-se para explicar que o opositor não devia ter nascido, como se a história dos homens fosse uma construção social previsível.
Num dos seus ensaios Bobbio referia que "… o ausente crescimento da educação…, segundo a qual o cidadão investido do poder de eleger os próprios governantes acabaria por escolher os mais sábios, os mais honestos e os mais esclarecidos dentre os seus concidadãos, pode ser considerado como o efeito da ilusão: o homem persegue o próprio interesse tanto no mercado económico como no político". Sabiamente que concluía que "o voto é uma mercadoria que se cede ao melhor ofertante". Em geral, os que não acreditam nos resultados do mercado na economia não aceitam os do mercado político. O totalitarismo fará sempre parte das suas vidas.
Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências directas e indirectas das políticas para todos os sectores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.
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