Emmanuel Macron
Marine Le Pen
François Fillon
Jean-Luc Mélenchon
Benoît Hamon
Emmanuel Macron
Movimento pró-europeu

Perfil
Foi a primeira surpresa desta campanha, ao transformar-se no candidato mais bem colocado. Emmanuel Macron, ex-banqueiro do Rotschild sempre foi precoce: em criança recitava poesia e aprendeu a tocar piano. Foi ainda no liceu que se envolveu com a professora Brigitte Trogneux, ainda hoje sua mulher e que é 24 anos mais velha. Oriundo de uma família burguesa, fez o percurso tradicional da elite política gaulesa, licenciando-se em Filosofia. Ingressou no Partido Socialista com 24 anos mas só assumiu funções relevantes na política quando, em 2012, se tornou conselheiro para a área económica do presidente François Hollande.
Em 2014 torna-se ministro da Economia para fazer reformas há muito adiadas, tendo promovido a polémica reforma laboral, que terá levado à sua demissão em 2016. Depois disso, formou o movimento Em Marcha.

Programa
Diz não ser de esquerda nem de direita, mas é assumidamente liberal na economia (rivalizando aqui com Fillon) e nos costumes. Quer concluir a reforma laboral que implementou, flexibilizando ainda mais as leis do trabalho e também a semana laboral de 35 horas. Reduzir a carga fiscal sobre as empresas e a responsabilidade social destas. Porém, em contrapartida para a maior insegurança laboral, propõe um alargamento da protecção do subsídio de desemprego, mas com maior fiscalização e exigências aos subsidiados (tal como acontece em Portugal). É contra o aumento do salário mínimo e quer manter a idade de reforma nos 62 anos. Quanto ao sector público, defende na despesa de 60 mil milhões de euros (2,7% do PIB) em cinco anos e uma redução de 120 mil funcionários públicos (muito longe dos 500 mil de Fillon). Porém, a escola pública é uma excepção e aí defende um reforço de professores. Para dinamizar a economia propõe um plano de investimentos de 50 mil milhões ao longo de cinco anos. É um europeísta convicto: quer mais integração na Europa, defende os acordos de livre-comércio e bate-se por uma maior harmonização social na UE.
Marine Le Pen
Extrema-direita

Perfil
Nascida na alta burguesia gaulesa, a filha do fundador da Frente Nacional (FN) desde cedo mostrou dotes oratórios, o que também terá contribuído para a decisão de estudar Direito e exercer advocacia, tendo mesmo chegado a defender imigrantes ilegais. Um atentado à bomba na casa onde vivia fez com que Le Pen, então com apenas oito anos de idade, cedo percebesse as consequências que podem advir da actividade política, em especial quando se defendem posições polarizadoras.
Conotada com a extrema-direita, mãe de três filhos e por duas vezes divorciada, Le Pen sucedeu ao pai Jean-Marie na liderança da FN em 2011, tendo desde então tentado descolar a imagem do partido racista e xenófobo. Nos costumes é menos conservadora do que poderia parecer. Por exemplo, é divorciada e vive actualmente em regime de união de facto.

Programa
Os "144 compromissos presidenciais" apresentados por Le Pen visam tornar mais apelativas e menos radicais as propostas da FN, depurando o partido de retóricas anti-semitas e homofóbicas. No entanto subsiste um forte sentimento anti-imigração e anti Islão, com promessas de prioridade aos trabalhadores franceses e de aplicação de uma taxa extra às empresas que contratem cidadãos estrangeiros (incluindo da UE). Quer reduzir a imigração legal para 10 mil pessoas por ano. Na frente laboral, tem propostas que se aproximam da esquerda: revogar a liberal e flexível lei laboral de Macron, manter o horário semanal das 35 horas e baixar a idade de reforma. Ao nível fiscal, a posição é mais mista: se por um lado defende que se mantenha o imposto sobre fortunas, defende em contrapartida uma redução do IRC. Para incentivar o emprego, promete aplicar taxas aduaneiras aos produtos produzidos no estrangeiro por companhias gaulesas. Propõe negociar a pertença à UE e referendar a continuação no bloco europeu e moeda única, recuperar o controlo sobre as fronteiras (sair do Schengen) e garantir soberania monetária.
François Fillon
Direita republicana

Perfil
Quando no final do ano passado François Fillon, 62 anos, venceu as primárias do principal partido do centro-direita, o actual deputado parecia encaminhado para se tornar no próximo presidente de França. Era isso que mostravam as sondagens, mas um escândalo judicial relacionado com o recurso a dinheiros públicos para atribuir empregos fictícios à mulher e dois filhos fê-lo cair a pique nas intenções de voto e esteve perto de desistir.
Admirador de Thatcher e defensor do legado "Gaullista", derrotou de forma inesperada o mais moderado Alain Juppé e também o ex-presidente Nicolas Sarkozy, de que aliás foi primeiro-ministro entre 2007 e 2012. Filho de funcionários públicos, este advogado teve uma educação católica e conservadora. Entrou na política aos 27 sendo eleito autarca de Sablé-sur-Sarthe

Programa
Le Pen é a candidata conotada à extrema-direita, mas Fillon é mais radical em alguns aspectos. Por exemplo, defende a redução do número de imigrantes e a perda de direitos sociais. Na segurança, propõe o reforço das forças de segurança, a construção de novas prisões e o endurecimento das penas de prisão, apontando baterias para o seu grande inimigo: o islamismo radical. Ao nível dos costumes, é também muito radical: defende o uniforme nas escolas públicas, a alteração aos programas escolares, opõe-se à procriação medicamente assistida por mulheres só ou casais de mulheres e quer interditar a adopção por casais homossexuais. Já nas questões económicas, é absolutamente liberal, em linha com os republicanos norte-americanos: defende a supressão de 500 mil empregos públicos, com uma redução da despesa pública de 100 mil milhões de euros (4,5% do PIB). Na frente laboral, quer subir o horário de trabalho, flexibilizar ainda mais a lei e subir a idade de reforma dos 62 para os 65 anos, opondo-se ao reforço do salário mínimo. Para as empresas, defende menos impostos. Na frente europeia, alinha com os tratados actuais e defende maior harmonização.
Jean-Luc Mélenchon
Esquerda radical

Perfil
Nasceu em Marrocos, em 1951, e antes de integrar o Partido Socialista francês, nos anos 1970, foi activista e assumido trotskista. Integrou o Governo liderado por Lionel Jospin. Saído do PS em 2008, fundou no ano seguinte o Partido de Esquerda com base em ideias republicanos, socialistas e ecologistas. Em 2012 foi candidato presidencial apoiado por uma coligação entre aquele partido e o Partido Comunista.
O falhanço desta coligação em eleições locais e regionais levou à dissolução do Partido de Esquerda. Porém, a circunstância de grande impopularidade da presidência de François Hollande e do Governo de Manuel Valls, em paralelo com o recrudescimento da mensagem populista da extrema-direita agora encarnada por Marine Le Pen, criou o espaço necessário para a reafirmação de uma mensagem antagónica, vinda da esquerda radical.

Programa
Com uma mensagem eurocéptica e soberanista, Mélenchon lançou em 2016 o movimento França Insubmissa com o objectivo de se candidatar este ano ao Eliseu, convicto de que a esquerda mais moderada se rendeu ao neoliberalismo. O candidato-surpresa destas eleições defende a renegociação dos tratados europeus. Falhando esta, propõe então que se referende a saída da União Europeia e a passagem de uma moeda única para uma moeda partilhada, coexistindo com uma moeda nacional. No fundo, ou mudamos a UE ou deixamo-la. Defende também a saída francesa da NATO, opondo-se à estratégia de confrontação da aliança atlântica com a Rússia. Propõe medidas em contraciclo com o receituário europeu, tais como o aumento do salário mínimo, a redução da idade de aposentação de 62 para 60 anos e ainda reverter a reforma laboral desenhada por Emmanuel Macron, propondo por exemplo a redução, por referendo, da semana de trabalho de 35 para 32 horas. Em relação à imigração, defende uma política de grande abertura, tal como aliás nos temas fracturantes, como a eutanásia ou procriação medicamente assistida.
Benoît Hamon
Partido Socialista

Perfil
Aos 49 anos, o candidato socialista é o anunciado derrotado nas presidenciais deste domingo. Nasceu em 1967, na Bretanha, mas foi durante os quatro anos da sua infância passados no Senegal que Hamon diz ter crescido. Estudou num colégio para padres e, já em França, liderou o movimento de jovens socialistas antes de se tornar assessor parlamentar logo depois de concluir a licenciatura em História. Foi eurodeputado, deputado francês e ministro da Economia Social, primeiro, e da Educação, depois, abandonando o Governo em divergência com as políticas liberais de Manuel Valls e Hollande. De regresso ao Parlamento liderou a oposição interna do PS, com fortes ataques à política de austeridade orçamental seguida pelo Executivo. Nas primárias do partido, derrota o líder do Governo que antes abandonara, Valls.

Programa
Em ruptura com a linha tradicional do PS e próximo de Melénchon, Hamon guinou o partido à esquerda, propondo medidas inovadoras e polémicas como a atribuição de um rendimento mínimo mensal de 750 euros para todos os cidadãos com idade igual ou superior a 18 anos, a redução da semana laboral para 32 horas ou ainda que máquinas e robôs passem a descontar para a Segurança Social. Sustenta medidas de caris proteccionista como dar primazia aos produtos produzidos em França tal como Mélenchon, quer reverter a reforma ao mercado de trabalho realizada pelo Governo que abandonou. A introdução de um imposto sobre os "grandes lucros" dos bancos é uma das medidas-bandeira, assim como a criação de 40 mil novos postos de trabalho para professores. Sobre a UE, quer promover uma mudança de perspectiva, abandonando a primazia dada ao mercado livre para centrar esforços na criação de uma protecção social à escala europeia. E relativamente à imigração quer criar um "passaporte humanitário" para os refugiados e agilizar o sistema de requisições de asilo. É o candidato mais comprometido com uma política ecologista.