A extracção do petróleo de xisto fez crescer uma nova indústria nos EUA, com muitas pequenas empresas norte-americanas a entrarem no negócio da exploração do petróleo. Na altura o barril valia mais de 100 dólares.

Para realizar os investimentos necessários para extrair o petróleo de xisto, as petrolíferas endividaram-se. Dos 200 mil milhões de dólares de obrigações destas petrolíferas (que representam 20% do mercado de dívida "high-yield"), 101 mil milhões de dólares têm classificação de "lixo". Em empréstimos, a banca norte-americana tem ainda uma exposição directa de 123 mil milhões de dólares às petrolíferas. Na banca europeia, o valor ascende a 200 mil milhões de dólares.

O excesso de produção - causado nomeadamente pelo grande aumento de oferta nos EUA - faz afundar os preços do petróleo. Quando a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) decidiu manter a oferta, os preços recuaram ainda mais. Actualmente, o barril transacciona na casa dos 35 a 40 dólares.

Com os preços da matéria-prima em queda, os resultados das petrolíferas afundam. As grandes petrolíferas, como a BP registam prejuízos recorde. Mas, a maior ameaça é para as empresas mais pequenas.

Desde o início do ano passado, já faliram 48 produtoras de petróleo e gás nos EUA, com uma dívida de 17,3 mil milhões de dólares. A taxa de incumprimento aumenta, colocando 88 mil milhões de dólares de dívida em risco, segundo a S&P.

Os bancos têm que aumentar as provisões, para responder ao aumento do risco de incumprimento, devido à queda dos preços. O Citigroup elevou as provisões em 300 milhões de dólares e a Wells Fargo (que têm maior exposição a dívida "especulativa") aumentou a "almofada" em 90 milhões de dólares. Além do risco de incumprimento das petrolíferas, os bancos têm ainda que contabilizar à exposição aos países produtores de petróleo, cujas economias estão a ser gravemente afectadas.

O papel da banca no sistema financeiro faz surgir receios de um contágio sistémico e de um impacto na economia real. Mas, os analistas consideram que a exposição actual é maioritariamente uma ameaça para os resultados da banca, podendo afectar principalmente bancos de menor dimensão, sem capacidade de contagiar o sistema financeiro e económico.