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BCE: Orçamento coloca em causa independência do Banco de Portugal
O Banco Central Europeu (BCE) considera que as normas incluídas na proposta de lei do Orçamento do Estado para 2013 colocam em causa a independência do Banco de Portugal e podem mesmo configurar uma forma de financiamento monetário.
Lusa
10 de Novembro de 2012 às 14:43
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Neste sentido, explica a organização, que a nível da independência financeira, deve ser dado ao Banco de Portugal a possibilidade de expressar a sua opinião "durante o processo de discussão parlamentar" tendo em vista "a serem encontradas soluções que tenham em devida conta as exigências de independência financeira do BdP, incluindo as questões que se prendem com as remunerações e pensões do pessoal".
Mas o banco central alerta ainda para o perigo de Portugal estar a violar uma norma fundamental dos Tratado que institui a Comunidade Europeia, que é o da proibição de financiamento monetário, ou seja, do financiamento dos Estados pelos bancos centrais.
"As disposições da proposta de lei orçamental para 2013 devem também obedecer à proibição de financiamento monetário (...)", diz o BCE.
Em causa está o artigo 31.º da proposta de lei do Orçamento do Estado para 2013 obriga a que "as entidades processadoras das remunerações dos trabalhadores em funções públicas referidas na alínea q) do n.º 9 do artigo 26.º procedem à entrega das quantias do subsídio cujo pagamento seja suspenso nos termos do artigo 28.º, nos cofres do Estado".
"Na medida em que esta disposição seja aplicável ao BdP, o BCE salienta que qualquer transferência financeira desta natureza do BdP para o Estado, sem que o BdP tenha a oportunidade de utilizar os recursos em causa da forma que entenda adequada ao cumprimento das suas atribuições, representa um aumento do financiamento do Estado português a expensas do BdP e pode ser considerada financiamento monetário nos termos do artigo 123.º do Tratado", considera o BCE.
Ainda assim, o BCE - que faz parte da troika - deixa um elogio ao orçamento: "É entendimento do BCE que a proposta de lei orçamental para 2013 se destina a reduzir a despesa pública, facto que merece o aplauso do BCE".