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Centeno: Convergência com UE está dependente do investimento e exportações

Governador do Banco de Portugal considerou, numa conferência sobre investimento promovida pelo BEI, que Portugal "apenas convergiu com a UE em períodos em que o investimento e as exportações foram os motores do crescimento" e que o ciclo de investimento é "bastante importante para definir a qualidade e a rapidez do crescimento" do PIB.

Já há vários meses que Mário Centeno tem vindo a alertar para o contributo das empresas para a subida de preços. Agora fê-lo com números.
Bruno Colaço
Joana Almeida JoanaAlmeida@negocios.pt 25 de Maio de 2023 às 18:25
O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, afirmou esta quinta-feira que a convergência de Portugal com a média europeia está dependente do crescimento do investimento e das exportações.

"Portugal apenas convergiu com a UE em períodos em que o investimento e as exportações foram os motores do crescimento", defendeu o governador do BdP, na conferência "Investir e financiar a resiliência e renovação na Europa", promovida pelo Banco Europeu de Investimento (BEI), em Lisboa.

Mário Centeno explicou que, entre 2016 e 2019, o investimento cresceu 28% e as exportações subiram 23%, o que permitiu aumentar o produto interno bruto (PIB) português em 12% e convergir, durante este período, com a média europeia. Com a chegada da pandemia, o investimento e as exportações caíram, o que levou a uma contração do PIB.

Ainda assim, o líder do banco central destacou que, no que toca ao investimento, a queda foi de "apenas 2,2%" durante "o período mais crítico da pandemia", tendo-se registado em Portugal a contração mais baixa no investimento entre os países da Zona Euro. "A minha interpretação é de que as empresas em Portugal perceberam que a pandemia da covid-19 seria um fenómeno dramático mas apenas temporário", argumentou.

Logo após o impacto inicial da pandemia, o governador do BdP notou que "o investimento começou logo a recuperar", tendo crescido 8,7% em 2021 e "rapidamente atingiu valores anteriores à covid-19". Porém, em 2022, "o consumo cresceu mais rápido do que o investimento, pela primeira vez", o que considerou que pode ser problemático.

"Isso é um pequeno problema para a economia portuguesa, se continuar. Os números mais recentes mostram que não e nós projetamos que as exportações e investimento vão retomar a liderança como motores de crescimento", frisou, acrescentando que 2023 e 2024 serão "anos críticos" para o crescimento e convergência com a UE.

E explicou: "O ciclo de investimento em Portugal é bastante importante para definir a qualidade e a rapidez do crescimento em Portugal. É uma pequena economia, aberta e muito dependente destes dois motores de crescimento".

Centeno aponta para "grande reversão" dos choques inflacionistas

Mário Centeno referiu que a Zona Euro está agora "a caminho de taxas de juro normais" e que, numa altura em que a inflação ameaça os investimentos devido ao aumento dos custos, sublinhou que "o processo inflacionário foi resultado de choques exogénos à economia da Zona Euro" e que há agora "uma grande reversão desses choques".

"O gás natural usado na Europa está a cair 68,5% em termos homólogos e está agora baixo do nível máximo de preços que observámos entre 2018 e 2019. Também os bens industriais e de construção estão todos a cair, pelo menos, 25% em termos homólogos, e todos, com exceção do níquel, estão a cair em comparação com os preços registados entre 2018 e 2019. Precisamos que isso se refletido nos preços finais no consumidor", realçou.
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