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Draghi: "Quando a evidência confronta a fé, não tem qualquer hipótese"
Mario Draghi responde aos que criticam o banco central por avançar com a compra de dívida privada titularizada e reafirma que se for necessário avançará com a polémica compra de dívida pública.
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O BCE não hesitará em comprar mais activos, incluindo dívida pública, se tal se revelar necessário para puxar pela inflação, e os actuais programas de compra de dívida privada titularizada ("covered bonds" e "asset backed securities") não implicam riscos significativos para o balanço da autoridade monetária, defendeu esta quinta-feira, 6 de Novembro, Mario Draghi, que respondeu de forma dura aos críticos da instituição.
Na conferência de imprensa que se seguiu à reunião mensal de Novembro, o presidente reafirmou o plano de aumentar o balanço do BCE para 3 biliões de euros, e respondeu aos que acusam o banco central de se estar a transformar num banco mau, devido à aquisição de activos de baixa qualidade.
Draghi socorreu-se de um relatório da agência de rating Fitch (com o título: "BCE assume risco mínimo de crédito com 'Asset Backed Securities'"), no qual se defende que os programas de compra de activos do BCE não implicam riscos significativos para o balanço da instituição: o presidente do BCE afirmou ter prazer em ler as conclusões, especialmente aos que têm defendido que as compras tornarão o BCE num banco mau, mas em jeito de provocação, acrescentou que não tem muita esperança de os conseguir convencer é que, atirou, "como alguém uma vez disse: quando a evidência confronta a fé, não tem qualquer hipótese".
Mario Draghi afirmou ainda que o Conselho do BCE decidiu por unanimidade mandatar "o staff do BCE e os comités relevantes do eurosistema para garantirem a atempada preparação da implementação de medidas adicionais se tal se revelar necessário". É que, reforçou, "Sabemos que os riscos são negativos e sabemos que temos de estar preparados".
E o que poderá forçar a uma acção mais decisiva? Draghi responde: "A primeira contingência é que as medidas actuais não sejam suficientes [para expandir o balanço do BCE] e a segunda é uma degradação das expectativas de inflação".
Por estas medidas, uma intervenção do BCE mais activa, incluindo compra de dívida pública, parece mais provável. O principal indicador de expectativas de inflação a médio prazo aponta para um crescimento de preços inferior aos 2% que marcam o mandato do banco, e a dimensão do mercado de títulos de dívida privada titularizada que estão abrangidos pelos dois programas do BCE não ultrapassa o bilião de euros de meta para o aumento do balanço nos próximos dois anos.