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Soros defende Ministério das Finanças europeu para evitar uma Grande Depressão

O investidor milionário George Soros diz que a Europa tem de se preparar para a possibilidade de a Grécia, Portugal e talvez Irlanda entrarem em incumprimento e saírem do euro.

Carla Pedro cpedro@negocios.pt 15 de Setembro de 2011 às 09:56
George Soros alertou para o facto de a crise da dívida na Europa poder desencadear uma nova Grande Depressão, a menos que os líderes da Zona Euro adoptem uma série de medidas radicais, onde se inclui a criação de um Ministério das Finanças europeu.

Num artigo para a New York Review of Books e para a Reuters, o célebre investidor - que ganhou mil milhões de dólares a apostar na queda da libra em 1992 (sendo conhecido como o homem que bateu o Banco de Inglaterra) – salientou também que os dirigentes europeus têm de se preparar para a possibilidade de a Grécia, Portugal e talvez Irlanda poderem entrar em “default” e abandonar a Zona Euro.

“Mesmo que se evite uma catástrofe, uma coisa é certa: a pressão para se reduzirem os défices mergulhará a Zona Euro numa recessão prolongada. Isso terá consequências políticas incalculáveis”, sublinhou.

Na opinião deste investidor, que nasceu na Hungria e que mais tarde se nacionalizou norte-americano, além de os líderes europeus terem de se preparar para a falência e saída da Zona Euro daqueles três países periféricos, têm também que tomar quatro medidas audazes.

A primeira delas será proteger os depósitos bancários, de modo a evitar uma corrida aos levantamentos nos países mais debilitados. Em segundo lugar, alguns bancos dos países em incumprimento terão de continuar a funcionar, de modo a manterem as suas economias à tona.
Em terceiro lugar, o sistema bancário europeu deveria ser recapitalizado e colocado sob supervisão europeia. Por último, as obrigações soberanas de outros países deficitários deveriam ser protegidas.

“Tudo isto custa dinheiro”, escreveu o investidor de 81 anos, que co-fundou com o investidor Jim Rogers o Fundo Quantum. “A única alternativa é fazer nascer o ingrediente que falta: um Ministério das Finanças europeu, com poder para decretar impostos e para obter crédito”, acrescentou, citado pela Reuters.

Soros reconhece que, para isso, será preciso um novo Tratado da União Europeia, pelo que instou os líderes europeus a começarem a trabalhar nesse sentido e imediatamente – atendendo ao tempo que demora a concluir um processo destes.

“Assim que o princípio de criação de um Ministério das Finanças europeu estivesse acordado, o Conselho Europeu poderia autorizar o BCE a avançar, protegendo-o assim contra as ameaças à sua solvência”, salientou Soros, frisando que “é a única forma de travar um possível colapso financeiro e mais uma Grande Depressão”.

George Soros reconhece também que isto seria altamente controverso, especialmente na Alemanha, onde existe uma forte oposição à amortização das dívidas das nações do Sul da Europa. Mas não há outro remédio, avisa.

“A opinião pública alemã pensa que pode escolher entre apoiar o euro ou abandoná-lo. Isso é um erro. O euro existe e os activos e passivos do sistema financeiro estão tão interligados, na base de uma moeda comum, que um desmoronamento do euro levaria a um colapso além da capacidade das autoridades para o travarem”, sublinhou Soros no seu artigo.

“Quanto mais tempo a opinião pública alemã demorar a perceber isto, mais pesado será o preço que os alemães e o resto do mundo terão de pagar”, concluiu.

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