"Estancar e resolver a crise exige a nível europeu esclarecer, quanto antes, que países são considerados insolventes e, em particular o caso da Grécia, e resolver a situação dos países insolventes, mantendo-os no euro, promovendo as operações necessárias", afirmou o antigo ministro das Finanças, na lição de sapiência, no âmbito da abertura do ano lectivo, na Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP).

Teixeira dos Santos admitiu que resolver a situação dos países insolventes pode passar pela "reestruturação da sua dívida e o envolvimento dos credores privados", e, considerando que "é preciso implementar medidas que evitem efeitos de 'spillover' [contágio] sobre os países solventes", criticou a "hesitação dos responsáveis europeus".

"Perante o cenário cada vez mais provável de reestruturação da dívida grega, as autoridades europeias não têm contribuído para a clarificação rápida da situação, o que só tem agravado as suas consequências sobre o sector financeiro", disse, sublinhando a necessidade de "avaliar o impacto no sistema bancário exposto às dívidas soberanas em questão e providenciar a sua solidez financeira".

Para o economista, importa ainda "assegurar que os países solventes terão acesso aos meios de financiamento necessários" e "implementar uma estratégia coordenada de promoção de crescimento por parte dos estados membros com espaço orçamental para o efeito".

A nível europeu, acrescentou, "é necessário reforçar a coordenação das políticas económicas e a governação do euro com recomendações mais vinculativas e sanções efectivas e céleres que previnam e corrijam comportamentos desviantes dos estados membros".

Na intervenção na FEP, onde se licenciou e é docente, Teixeira dos Santos defendeu ainda o reforço dos poderes de decisão e intervenção das autoridades comunitárias na definição, execução e vigilância das políticas económicas.

Os ministros das Finanças da Zona Euro reúnem-se sexta-feira em Bruxelas para discutir o desembolso de nova tranche de ajuda à Grécia e tentar preparar o caminho para o sucesso da cimeira de líderes do próximo domingo.