Os números do inquérito ao emprego do INE estimaram uma criação de emprego por contra de outrem na economia portuguesa de 6% no terceiro trimestre este ano. O Banco de Portugal, por seu lado, aponta para valores muito inferiores: nas suas estimativas, o emprego por conta de outrem no sector privado terá crescido 2,5% no mesmo período. Deste valor, 0,9 pontos devem-se a estágios profissionais, acrescenta.
O dinamismo do mercado de trabalho em 2015 (com criação de emprego muito superior ao crescimento da economia) tem surpreendido pela positiva e tem mesmo deixado impressionados os credores externos, como o FMI – cujo chefe de missão afirmou ao Negócios em entrevista que não percebia ainda bem o que estava a acontecer. O Banco de Portugal vem agora dar uma ajuda para o debate: o dinamismo é menor do que o que surge nos dados oficiais publicados pelo INE, o que resulta de problemas metodológicos e medidas activas de emprego.
O banco central aponta problemas temporários na amostra do INE, que desde o terceiro trimestre de 2013 e ao longo de 2014 está a sofrer alterações com a introdução de dados referentes ao Censos de 2011 - um processo que só será concluído no terceiro trimestre deste ano. Assim, avisa o banco central, dados completamente comparáveis, só para a taxa de crescimento homóloga do quarto trimestre deste ano. E para a taxa de crescimento em cadeia do primeiro trimestre de 2015.
"A análise efectuada permite concluir que o emprego privado por conta de outrem estará a apresentar uma recuperação desde o terceiro trimestre de 2013, mas mais moderada do que a sugerida pelo Inquérito ao Emprego" lê-se no Boletim Económico divulgado esta quarta-feira, 10 de Dezembro. "Para este acréscimo do volume de emprego estão também a contribuir as políticas activas de emprego, em particular os estágios profissionais", diz o banco central.
Usando dados da Segurança Social e da Direcção-Geral do Emprego e Administração Pública, os economistas do banco central confiam que "pode inferir-se que os TCO [trabalhadores por contra de outrem] do sector privado estarão a crescer no terceiro trimestre de 2014 cerca de 2,5% em termos homólogos, após 1,6% na primeira metade do ano".
Para se captar a dinâmica do mercado de trabalho no sector privado é ainda necessário ter em conta o número de estágios profissionais - sobre os quais se desconhece o efeito permanente na criação de emprego na economia, e que têm também um impacto relevante nos números: "estima-se que o aumento significativo dos estágios profissionais no último ano terá contribuído para o crescimento homólogo do emprego privado por conta de outrem em cerca de 0,9 pontos percentuais (p.p.) no terceiro trimestre de 2014 (0,8 p.p. na primeira metade do ano)", lê-se no boletim, que coloca assim a criação de emprego privado na casa dos 1,6% em termos homólogos no terceiro trimestre do ano, um valor que é consistente com o crescimento estimado da economia, defendem.
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