Do otimismo ao pessimismo e deste para aquele, continua o carrossel de emoções no infindável processo do Brexit. É cada vez menor a convicção de que ainda seja possível alcançar um acordo entre os dois lados da negociação a tempo de o mesmo ser apreciado (e validado) no Conselho Europeu que decorre amanhã e sexta-feira, em Bruxelas.
Depois de ter conversado, esta manhã, com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, e a Comissão Europeia, o primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, disse aos jornalistas manter a confiança de que ainda seja possível obter um acordo com Londres. Contudo, o próprio admitiu que persistem "muitas questões" por ultrapassar, o que poderá obrigar à realização, no final deste mês, de outra cimeira europeia.
Johnson estará disponível para aceder à exigência da União Europeia relativa à criação de uma fronteira aduaneira no Mar da Irlanda, evitando-se assim a criação de uma fronteira física terrestre entre as duas Irlandas, o que manteria a Irlanda do Norte no mercado único europeu.
Isto porque Dublin, assim como o conjunto dos líderes europeus, rejeitam o essencial do plano alternativo apresentado pelo primeiro-ministro britânico, o qual pressupunha a retirada da Irlanda do Norte do mercado único e a eliminação do backstop (cláususa de salvaguarda para impedir controlos rígidos na fronteira irlandesa). Por sua vez, o DUP recusa a possibilidade de a Irlanda do Norte ficar alinhada com o mercado único sem que tal aconteça com a Grã-Bretanha, o que vêem como um factor que põe em causa a integridade do conjunto do Reino Unido. Estes unionistas consideram inaceitável uma fronteira aduaneira no Mar da Irlanda, pois consideram que isso implicaria que a Irlanda do Norte teria um tratamento diverso face ao do restante Reino Unido.
Cimeira extra a 29 de outubro?
A menos que Boris Johnson consiga receber o apoio dos unionistas da Irlanda do Norte às medidas resultantes da aproximação entre Londres e Bruxelas, surge cada vez como mais provável a possibilidade de ser marcado um novo Conselho Europeu extraordinário destinado a discutir o Brexit.
Se o diálogo destes últimos dias não resultar num acordo que possa ser votado no sábado, Johnson pode ser obrigado a procurar a via de mais negociações. Dado que o parlamento britânico aprovou uma lei que obriga o primeiro-ministro a requerer um novo adiamento do Brexit, com data marcada para 31 de outubro, e que Johnson já disse preferir morrer numa valeta do que voltar a adiar a saída do bloco europeu, o também líder dos "tories" fica com apenas duas hipóteses: encetar uma via de confrontação aberta com Bruxelas e promover uma saída desordenada, ou insistir em mais negociações.
Neste segundo caso, sugere o The Guardian, surgiria com maior probabilidade a realização de uma nova cimeira no final do mês, possivelmente a 29 de outubro, o que daria margem para ser votado o potencial acordo saído desse diálogo a 30 ou 31 de outubro.
Seja como for, Leo Varadkar transmitiu esta manhã que Boris Johnson está confiante de que conseguirá receber apoio a um acordo que venha a colocar perante os deputados britânicos. Pelo seu lado, o ministro britânico para o Brexit, Stephen Barclay, garante que Londres mantém a intenção de sair da UE a 31 de outubro, sendo essa a melhor forma de salvaguardar a lei aprovada pela Câmara dos Comuns. Barclay desmentiu ainda que o governo chefiado por Johnson esteja a planear enviar uma nova carta para Bruxelas para impedir um novo adiamento do Brexit.
(Notícia atualizada às 13:15)
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