A curto prazo, o efeito macroeconómico do fluxo de refugiados originará um aumento, ainda que modesto, do Produto Interno Bruto (PIB), reflectindo a expansão fiscal associada às contribuições dos requerentes de asilo, bem como ao crescimento da oferta de forças de trabalho, com a introdução dos refugiados no mercado de trabalho dos países de acolhimento. Este é o resultado do estudo "A onda de refugiados na Europa: os desafios económicos", apresentado esta quarta-feira, 20 de Janeiro, pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).
O relatório do Fundo Monetário Internacional alerta que devem apostar-se em políticas que "abram o caminho para o mercado de trabalho", nomeadamente no que diz respeito à diminuição de restrições no acesso a vagas de emprego, quer no sector privado, quer no sector público, durante o período em que os seus pedidos de asilo são analisados, bem como a aposta numa política activa de ofertas de emprego dirigidas a refugiados. Outra sugestão apresentada é a maior flexibilidade na sua mobilidade geográfica. Tal permitiria que os refugiados se deslocassem para onde a oferta de emprego apresenta níveis mais elevados. Se esta é uma medida que pode assustar os trabalhadores nacionais, os autores do relatório sublinham que "estes efeitos adversos são mínimos e temporários". A urgência? "Quanto mais depressa os refugiados conseguirem emprego, mais ajudarão as finanças públicas através do pagamento de impostos e das suas contribuições para a segurança social", responde o relatório do FMI. Além disso, "o sucesso da sua integração no mercado de trabalho irá conter alguns dos efeitos orçamentais adversos do envelhecimento da população". Não obstante, o cenário continua a ser difícil de prever, uma vez que os efeitos dependem "do número e composição dos refugiados e de quantos deles podem (e querem) permanecer a longo prazo num país, ou a velocidade a que se irão adaptar ao mercado de trabalho". Dados os altos níveis de desemprego em vários países da União Europeia esta integração poderá demorar mais do que o previsto, o que diminui a longo prazo as contribuições fiscais dos refugiados. Questionados a propósito dos efeitos negativos para a economia de países de acolhimento com já elevados níveis de desemprego, os autores do estudo esclareceram, numa conferência de imprensa em que o Negócios participou, que "os impactos negativos tendem a ser pequenos e temporários". Além disso, destacam que os países que estão a receber o maior fluxo de refugiados são os que têm baixos níveis de desemprego, como é o caso da Alemanha, Áustria e Suécia. Os autores avisam: "a economia tem de mudar, no sentido lato. E os refugiados também". Antecipam que "o impacto deve ser bastante rápido", mas os governos devem implementar já programas de integração que incluem cursos de línguas e acesso a trabalho temporário. À questão da existência de um número um limite de acolhimento de refugiados a partir do qual o impacto económico passará de positivo a negativo, os especialistas disseram ao Negócios que não têm conhecimento de nenhum número. "Baseados em experiências anteriores acreditamos que existem outros factores importantes que vão determinar o sucesso do impacto orçamental e que não se prendem com limites de acolhimento", consideram. Esta não é a primeira vez que o impacto económico positivo do acolhimento de refugiados é apontado como uma vantagem. Ainda a 13 de Janeiro, o banco alemão Deutsche Bank, citado pelo El Mundo, prevê que a contribuição dos refugiados pode causar uma subida até 1,5% do PIB alemão nos próximos cinco anos. Não obstante os frequentes alertas da União Europeia, dos líderes políticos e até aos agentes económicos e financeiros, chega agora o trabalho do FMI.
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