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Seguro: Governo “não tem mandato” e “legitimidade” para aplicar os cortes do FMI
Líder do PS avisa Passos Coelho que o Governo não tem mandato” nem “legitimidade” para aplicar os cortes do FMI e que deve tirar as devidas conclusões destas declarações. O que o primeiro-ministro “prometeu aos portugueses” quando ganhou as eleições “não é aquilo que está a pensar executar”, avisou Seguro.
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Líder do PS avisa Passos Coelho que deverá tirar as devidas conclusões das suas declarações: o que o primeiro-ministro “prometeu aos portugueses” quando ganhou as eleições “não é aquilo que está a pensar executar”, avisou António José Seguro, depois de Passos Coelho ter hoje dito precisamente o contrário.
António José Seguro entende que o Governo liderado por Pedro Passos Coelho “não tem mandato” e “não tem legitimidade” para aplicar as propostas que contam no relatório do FMI, nem para cortar 4 mil milhões de euros nas despesas do Estado social, pois não foi isso que prometeu aos portugueses quando venceu as últimas eleições legislativas.
Em declarações aos jornalistas, transmitidas pelas televisões, o líder do Partido Socialista (PS) repetiu por diversas vezes esta ideia de que o Governo não tem mandato e legitimidade para aplicar a receita do FMI, sem nunca ter esclarecido se iria pedir eleições caso o Governo avance nesse sentido.
Mas deixou o recado: “espero que o governo saiba o que quer dizer esta minha declaração”, afirmou Seguro, mostrando desta forma abertura para pedir eleições e apresentar uma moção de censura. Questionado se essa moção de censura será mesmo apresenta pelo PS, respondeu que “terei muito gosto em responder à sua pergunta” se o Governo avançar com os cortes.
Os “portugueses não votaram no FMI para governar Portugal”, acrescentou Seguro,
afirmando que o que Passos Coelho “prometeu aos portugueses não é aquilo que está a pensar executar” e que o que está no relatório do FMI é o contrário do que Passos Coelho disse aos portugueses antes das eleições. E repetiu que o primeiro-ministro “deve ter bem presente as palavras que estou a dizer”.
Considerou que a receita que o Governo está a aplicar em Portugal “não está a dar resultados”, o “caminho é errado” e persistir nele vai aumentar a espiral recessiva. “Temos que mudar de caminho” e isso passa por uma “agenda para o crescimento e emprego”.
Assinalou que é só para essa agenda que o PS está disponível e será nesse sentido que irá continuar a apresentar propostas, pois Portugal precisa de uma agenda para o crescimento e emprego, além do rigor e disciplina orçamental.
Seguro considera que “há um caminho alternativo” ao que está a ser seguido pelo Governo e que só o Executivo de Passos Coelho não integra este consenso.
Confrontado com o facto de o relatório do FMI não ser da responsabilidade do Governo, Seguro respondeu que “não fui eu que elogiei o relatório do FMI. Foi o governo. Houve cooperação entre governo e o FMI” na elaboração do documento.
“Não contem com o PS para desmantelar o Estado social. O PS não será cúmplice para um corte de 4 mil milhões de euros nas funções sociais do Estado. Coisa diferente é modernizar o Estado. Queremos um Estado mais eficiente”, mas da parte do Governo “não há vontade em reformar o Estado, mas sim em desmantelar o Estado”, acusou.
Lembrou que as alternativas já propostas pelo PS passam também por pedir mais
tempo para efectuar a consolidação orçamental, o pagamento de taxas de juro mais baixas e mais tempo para pagar a dívida. “Sem isso não há condições para crescimento económico” e com “criação de riqueza há espaço para baixar o défice”.
Quanto à alegada indisponibilidade do PS para integrar uma comissão parlamentar para debater a reforma do Estado, Seguro não se quis comprometer, respondendo aos jornalistas que “digo claramente não a um corte de 4 mil milhões de euros para as funções sociais do Estado”. O “PS está a apresentar propostas para sairmos da crise” e o Governo “cruza os braços”.
“Acham que não era este o momento de termos uma liderança no governo para mobilizar os portugueses?”, questionou Seguro, revelando que o PS vai continuar a apresentar propostas e a dialogar com os portugueses, “mostrando que há caminho alternativo”. “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, rematou.