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Rússia sobe taxa de juro para 9,5% para tentar travar queda da moeda
O banco central da Rússia decidiu elevar a taxa de juro de referência para 9,5%. O rublo, a moeda russa, tem vindo a cair face às pares, pressionada pelas sanções impostas ao país e pela queda dos preços do petróleo.
O banco central da Rússia surpreendeu o mercado ao subir a taxa de juro de referência de 8% para 9,5%.
Esta decisão ocorre numa altura em que a moeda, o rublo, tem vindo a cair face às principais pares. A pressionar o comportamento da moeda russa têm estado as sanções impostas à Rússia na sequência do conflito com a Ucrânia e a queda do preço do petróleo.
Desde o início do conflito entre a Moscovo e Kiev que a governadora do Banco da Rússia, Elvira Nabiullina, tem implementado políticas mais restritivas. "Mudanças significativas nas condições externas tiveram lugar: uma queda considerável nos preços do petróleo e sanções rigorosas impostas por certos países", refere o comunicado do Banco da Rússia, citado pela Bloomberg.
"Como resultado da depreciação do rublo – em conjunto com as restrições às importações de bens alimentares impostas em Agosto – resultaram numa aceleração mais acentuada do crescimento dos preços no consumidor", acrescenta o comunicado da instituição liderada por Elvira Nabiullina.
O petróleo e o buraco orçamental russo
O orçamento da Rússia, aprovado na semana passada, pode estar em causa por não estar assente na realidade actual. Segundo a CNN, que citava documentos oficiais, o documento está suportado em falsos pressupostos ou, simplesmente, opta por ignorá-los.
As contas do Kremlin baseiam-se num valor do barril de petróleo de 104 dólares em 2014 e de 100 dólares entre 2015 e 2017. No entanto, o barril do petróleo vem sendo negociado, nas últimas semanas, na casa dos 80 dólares. Neste momento, o West Texas Intermediate (WTI), negociado em Nova Iorque, está a ser transaccionado nos 82,09 dólares por barril, enquanto o Brent, negociado em Londres, está a valer 87,06 dólares.
Por si só, este facto coloca em causa as estimativas feitas pelos responsáveis russos, o que deixa um buraco no orçamento. O ministro das Finanças russo, Anton Siluanov, citado pela CNN, admite que o orçamento está baseado numa "realidade económica alternativa".
Esta insuficiência orçamental poderá ser, no entanto, agravada pelo facto de a tendência de desvalorização do preço do crude se poder prolongar nos próximos meses. O Goldman Sachs prevê que o petróleo atinja um valor de 70 dólares por barril em 2015. O responsável pela pasta das Finanças do Kremlin já terá mesmo assumido a necessidade de reduzir as despesas em 10% para fazer frente à "difícil situação económica" que a Rússia vive.