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Fitch considera que programa do BCE não vai estimular o crédito
A agência de rating Fitch considera que é "improvável" que o programa de compra de dívida do Banco Central Europeu (BCE) anunciado dia 22 de Janeiro aumente substancialmente os lucros dos bancos e o crédito concedido.
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Numa nota divulgada esta segunda-feira, 26 de Janeiro, a Fitch considera que "é improvável que o programa de alívio quantitativo estimule os empréstimos nas economias da Zona Euro atingidas pela crise". A agência considera, no entanto, que o programa de alívio quantitativo do BCE será eficaz em reduzir o risco de deflação prolongada.
Apesar do início de recuperação em alguns países, as previsões económicas são ainda frágeis, pelo que é provável que a procura de crédito permaneça relativamente baixa, explica a Fitch na nota de análise. Adicionalmente, a regulamentação mais apertada está a dificultar o aumento de empréstimos, considera a Fitch.
O impacto positivo é, por isso, provavelmente temporário, a não ser que o balanço dos bancos seja libertado para permitir o aumento de empréstimos ou que reformas estruturais causem crescimento económico real e sustentável, afirma a agência no relatório.
A Fitch prevê que os ganhos das vendas de títulos de dívida soberana detidos pelos bancos serão provavelmente limitados porque a taxa de juro continua a cair. "Qualquer receita da venda destes títulos seria provavelmente ofuscada pelas margens mais baixas provocadas pela menor inclinação da curva de rendimentos, pelo que o balanço será provavelmente neutro ou até ligeiramente negativo", alerta a agência.
Nos bancos na Europa do Sul, que ainda estão maioritariamente a consolidar os seus balanços, "a expansão do crédito é ainda mais improvável", considera a Fitch. Os bancos desta região podem, contudo, ser os maiores beneficiários do programa de alívio quantitativo, mas o impacto dependerá dos valores e maturidades dos títulos. "Mas pode haver algum reequilíbrio dos portfólios de dívida soberana" e os bancos podem aproveitar para obter alguns ganhos, diz a agência de rating.
No norte da Europa, por outro lado, muitos bancos têm demasiada liquidez e taxas de juro mais baixas podem distorcer ainda mais os preços dos créditos, considera a Fitch.
A Moody’s também declarou prever um "efeito limitado" do programa do BCE no crédito, no crescimento e na inflação na economia na Zona Euro. Esta agência de rating destaca o impacto do enfraquecimento do euro nas exportações, que considera ser, provavelmente, o mais eficaz "dos vários canais através dos quais o programa pode funcionar".
Na quinta-feira, dia 22 de Janeiro, o BCE aprovou um programa de compra de 60 mil milhões de euros de títulos de dívida pública e privada por mês na Zona Euro a partir de Março e pelo menos até Setembro de 2016.