O balanço da legislatura do Governo tem tudo aquilo que se esperava que tivesse: medidas na saúde, na energia, na educação, nas autarquias. Mas também contém surpresas. A maior de todas é a admissão de que os pobres foram mais afectados durante a crise do que os ricos. "É um relatório do Fundo Monetário Internacional que vem salientar que os 20% mais favorecidos na população portuguesa foram muito menos afectados pela crise do que os 20% menos favorecidos", lê-se na página 29 do documento.
A frase salta à vista porque contradiz tudo o que o Governo tem vindo a defender – e especialmente porque contraria o próprio estudo do FMI citado no documento. No referido trabalho, divulgado a 13 de Março de 2014, e que analisa os impactos da política orçamental na desigualdade de rendimentos, o Fundo conclui que as medidas de austeridade tiveram um impacto duas vezes mais forte no rendimento dos 20% mais ricos, relativamente ao impacto no dos mais pobres.
O Fundo acrescentou que Portugal estava entre os países que "implementaram medidas progressivas entre 2008 e 2012, em que os mais ricos suportaram a maior parte do ajustamento".
A frase em questão consta do texto que introduz as medidas que foram adoptadas na área da Segurança Social, na abertura do capítulo com o nome "Maior Equidade Social".
Contactada, fonte oficial do ministro adjunto explica que se trata de "uma gralha já detectada e em correcção no portal do Governo". A intenção, explica, era dizer que os mais pobres foram menos prejudicados que os mais ricos, e não o contrário.
O balanço dos quatro anos do Governo foi redigido com contributos enviados pelos vários ministérios.
Veja aqui a referida passagem:
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