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Portas colocou dinheiro em banco depois de este ficar protegido por lei alemã

O Deutsche Bank deixou, no ano de resgate de Portugal, de ser uma entidade de direito português e ficou protegido face ao risco da dívida nacional. As declarações de rendimentos do vice-primeiro-ministro mostram que, depois de Agosto de 2011, colocou 80 mil euros na instituição, tirando dinheiro de um banco espanhol. Governo português sempre garantiu confiança na banca nacional.

Bruno Simão/Negócios
Negócios 06 de Setembro de 2013 às 11:04

A 6 de Abril de 2011, Portugal solicita intervenção financeira externa. A 16 de Junho de 2011, há uma outra notícia de relevo: “Deutsche Bank foge ao risco em Portugal”. Como? O banco optou por passar a ser uma sucursal do banco alemão e deixou de ser um banco de direito português. O objectivo foi, segundo o que foi dito na altura, escapar à exposição ao risco de Portugal – à época, alvo de sucessivas descidas de “rating”.

 

Foi depois desta alteração do estatuto jurídico do Deutsche Bank que Paulo Portas, então ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, abriu uma conta solidária na instituição. Foram colocados, aí, 80 mil euros após Agosto de 2011, conforme conta esta sexta-feira o “Correio da Manhã”. Não se sabe se há alguma relação entre os dois acontecidos. O agora vice-primeiro-ministro não fez comentários ao jornal.

 

Na declaração de rendimentos que o governante entregou no Tribunal Constitucional nessa altura, quando deixou de ser deputado para passar a ser ministro, não constava o depósito no Deutsche Bank. Estava declarada uma conta superior a 159 mil euros no Banco Popular.

 

Na declaração feita dois anos depois, quando deixou de ser ministro dos Negócios Estrangeiros para assumir o cargo de vice-primeiro-ministro, Portas declara a conta de 80 mil euros no Deutsche Bank. No Popular, tem apenas 52 mil euros em obrigações, além de 100 mil euros num depósito a prazo no Santander, de acordo com o “Correio da Manhã”.

 

No caso de instituições nacionais, o número dois do Governo liderado por Passos Coelho investiu, desde Agosto de 2011, 2.584 euros na compra de obrigações do BCP e 2.500 euros num investimento na Caixa Geral de Depósitos.

 

Portugal nunca sofreu uma fuga de depósitos, como se temeu que acontecesse noutros países como a Grécia e a própria Espanha. Contudo, quando o Deutsche Bank alterou o estatuto jurídico, o passo foi entendido no sistema financeiro como uma forma de deixar de estar exposto ao risco português. Segundo notícias citadas pelo “Correio da Manhã”, o Deutsche Bank conseguiu captar mais depósitos a prazo depois de ter passado a ser protegido pela lei germânica.

 

O Governo de Passos Coelho sempre garantiu confiança na banca nacional e nos seus depósitos. “Tenho toda a confiança na capacidade de gestão dos bancos portugueses. Na minha opinião, os bancos portugueses têm tido um comportamento muito positivo no quadro muito exigente em que tem estado a operar desde o início da crise global”, disse, por exemplo, o ex-ministro das Finanças, Vítor Gaspar, a 12 de Julho de 2011, pouco depois do pedido de resgate de Portugal. 

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