A Açoreana, detida em 52,3% pela Soil SGPS, "holding" ligada aos herdeiros de Horácio Roque e em 47,7% pelo Oitante, veículo herdeiro do Banif, era já um activo disponível para venda há vários meses – ainda antes da aplicação da medida de resolução ao Banif.
A intervenção estatal no banco fundado por Horácio Roque, de 20 de Dezembro de 2015, colocou uma maior urgência à companhia de seguros. Em Janeiro, conforme noticiou então o Negócios, havia a necessidade de proceder à venda o mais rapidamente possível até porque a Açoreana precisava de um aumento de capital de cerca de 50 milhões de euros. O investimento em acções do Banif ditou perdas de 75 milhões na empresa, que, a partir do arranque do ano, teve de respeitar novas exigências de solidez do sector segurador, com a introdução do regime designado de Solvência II.
Segundo o comunicado do regulador, há a necessidade de uma capitalização a decorrer no âmbito da venda. Aliás, foi o facto de a companhia estar num processo de emergência que levou o regulador liderado por José Almaça a assumir a liderança do processo de venda da instituição.
Mais uma semana para olhar para as contas
A venda deveria ter ocorrido até ao final do mês passado mas a ASF concedeu mais uma semana ao fundo Apollo para que pudesse prolongar a análise detalhada que queria fazer às contas da Açoreana ("due dilligence"). O processo era delicado tendo em conta o variado número de envolvidos.
Com este prolongamento, a seguradora portuguesa Caravela, a segunda classificada entre as propostas finais do processo de venda, não chegou à mesa das negociações.
Apollo passa a número dois no ramo não vida
Foi a 25 de Janeiro que a Apollo começou a negociar em exclusivo a aquisição da seguradora, abrindo portas à subida na classificação das companhias portuguesas do ramo não vida, superando até a Allianz (a seguradora alemã esteve na corrida pela Açoreana mas acabou por sair porque queria apenas carteiras e não a totalidade do negócio).
Segundo cálculos já feitos pelo Negócios com base em dados da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, a Apollo consegue, juntando o negócio da Açoreana com o da Tranquilidade, passar para número dois em Portugal no ramo não vida.
Transferência dos postos de trabalho
Uma das grandes preocupações em torno da operação de venda da Açoreana é a garantia dos 700 postos de trabalho. Essa tem sido uma dúvida lançada pelos trabalhadores nos vários comunicados que tanto os sindicatos com a comissão de trabalhadores têm publicado. Segundo o Negócios apurou, há uma transferência dos funcionários em causa.
No Parlamento, o ministro das Finanças Mário Centeno assegurou que a "protecção do emprego" é um aspecto que o Ministério estava a acompanhar no processo. Segundo assegurou o responsável pela pasta das Finanças, a proposta da Apollo "não tem prevista nenhuma perda de emprego".
Para já, o silêncio impera em torno desta operação. Não foi possível, até ao momento, obter explicações adicionais por parte do regulador (ASF), do comprador (Apollo), dos vendedores (Oitante e Soil), da Açoreana e do Ministério das Finanças.
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