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Fernando Ulrich: Gaspar avisou que "se fizesse comentários sobre a dívida do BES ou do GES haveria consequências sérias"
O presidente do BPI recorda-se do puxão de orelhas que Vítor Gaspar deu a Ricardo Salgado numa reunião com a direcção da APB, em Junho de 2013. O então ministro das Finanças "disse que se fosse ao contrário, se fosse ele a fazer comentários sobre a dívida do BES ou do GES, isso teria consequências seguramente mais sérias e desagradáveis" do que as críticas de Salgado à divida pública portuguesa.
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"Houve de facto uma reunião, que não era pública, do ministro [das Finanças] com a direcção da Associação Portuguesa de Bancos (APB) e com os sectários de Estado. Vítor Gaspar iniciou a reunião mostrando o seu desagrado por comentários de Ricardo Salgado e de José Maria Ricciardi sobre a sustentabilidade da dívida pública portuguesa", confirmou Fernando Ulrich na comissão parlamentar de inquérito a gestão do BES e do GES.
Mariana Mortágua quis saber se o então ministro das Finanças mostrou já estar a par dos problemas no BES. O presidente do BPI afirmou que Gaspar "disse que as declarações [do banqueiro] eram infelizes, injustificadas e que nem tinham tido impacto. E a dada altura, estaria irritado, disse que se fosse ao contrário, se fosse ele a fazer comentários sobre a dívida do BES ou do GES, que isso teria consequências seguramente mais sérias e desagradáveis". Para Ulrich foi uma declaração "de alguém que estava muito irritado" e foi também "um aviso" para os outros banqueiros.
Segundo as respostas de Vítor Gaspar às perguntas dos deputados da comissão de inquérito, o ministro disse: "não me parece que possa ter usado as exactas palavras da frase que no livro se encontra entre aspas". No livro "O Último Banqueiro" é atribuída ao então governante a frase: "se eu fizesse declarações sobre a dívida do BES tinha muito a dizer".