O plano de reestruturação financeira do Sporting obrigou à emissão de 135 milhões de euros em valores convertíveis em acções que ficaram na mão dos credores, o BCP e o Novo Banco. Se parte deles não for recomprada, o clube perderá o controlo do capital da SAD.
André Varela, director financeiro do grupo, garante ao Negócios que já está a ser posto dinheiro de parte para assegurar que isso não acontece.
Após a reestruturação do passivo negociada com os bancos, o clube de Alvalade ficou com 64% do capital. Mas pode perder a maioria, se até 2024 não exercer a opção de recompra de parte dos valores mobiliários obrigatoriamente convertíveis (VMOC) em acções.
"Está do nosso lado arranjarmos o dinheiro suficiente para nessa ou numa data anterior exercer essa opção. E já estamos a fazer poupanças nesse sentido, a reservar dinheiro para essa aquisição", revela André Varela, que assumiu o cargo em Setembro, depois de ter feito parte da equipa de auditores do clube (PwC) a partir de 2013. "O que teve por base a reestruturação negociada por esta administração foi manter a maioria do capital."
As condições da reestruturação prevêem que o BCP e o Novo Banco só recebam juros, a uma taxa de 4%, se a SAD tiver resultados transitados positivos. O que dificilmente acontecerá nos próximos anos, tendo em conta que em Setembro esta rubrica apresentava um resultado negativo de 226,4 milhões.
"O ‘trigger’ do pagamento de juros é a distribuição de dividendos, o que só é possível quando os resultados transitados são positivos", esclarece André Varela. "Ainda não existe essa expectativa de a SAD ter resultados transitados positivos."
As contas consolidadas do clube relativas ao exercício 2015/2016, o primeiro completo depois da reestruturação, terminou com um prejuízo de 8,3 milhões de euros. O aumento das receitas foi insuficiente para compensar o crescimento de 90% nos custos com pessoal, para quase 50 milhões de euros, fruto do investimento no plantel.
André Varela desvaloriza. "Este crescimento de custos é sustentado, porque temos todas as linhas de receitas a crescer." O director financeiro destaca o aumento das receitas com direitos televisivos – "triplicam" – após o contrato de 515 milhões com a Nos, por 12 anos. E a presença em duas das últimas três edições da Liga dos Campeões. O director financeiro justifica ainda o resultado com a opção de vender João Mário e Islam Slimani em Agosto, o que valeu à SAD os melhores resultados trimestrais de sempre: 63 milhões de euros.
O mau desempenho desportivo esta época – o clube já só joga o campeonato – ditou um "ajustamento relevante" nos custos, garante André Varela. No mercado de Inverno saíram Elias, André Filipe, Markcovic, João Pereira, Tanaka e Marcelo Meli e entraram apenas jogadores da formação. "Quando sabemos que as coisas não estão a correr tão bem, tentamos ajustar para serem sustentáveis."
As contas consolidadas do clube fecharam o exercício de 2015/2016 (que termina em Junho) com um passivo de 355 milhões de euros e capitais próprios negativos de 175 milhões. Um número que mereceu, de resto, uma ênfase do auditor. André Varela, director financeiro do clube, prefere salientar a diminuição de 80 milhões no passivo após a reestruturação. E diz que este continuará a descer por via dos resultados operacionais. Apesar da situação financeira débil, André Varela garante que os bancos não mandam no clube, apesar de ter sido nomeado um "controller" financeiro, que é também administrador executivo. "Os bancos são um parceiro do Sporting", garante.
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