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Pais do Amaral: "A TAP de Junho não é igual à TAP de Dezembro de 2014"
O empresário Miguel Pais do Amaral queria sentar à mesma mesa trabalhadores, credores e Estado para acordarem um plano que fizesse sentido para se comprometer com uma proposta.
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Miguel Pais do Amaral, que viu esta quinta-feira a sua proposta para a compra da TAP excluída do concurso, considera que, face à compressão dos prazos da privatização da empresa, fazia sentido sentar à mesma mesa todos os que têm interesse na companhia (stakeholders).
"Não tivemos oportunidade de fazer todo o trabalho necessário", afirmou ao Negócios, explicando que aos seus investidores surgiu a questão: "vamos iniciar o trabalho sabendo que não o poderemos terminar no dia 15 de Maio e depois pedimos ao Governo mais duas a três semanas para o finalizar ou vamos propor outra fórmula ao Governo?".
Face à instabilidade laboral, ao endividamento da companhia aérea e à tendência negativa em termos de resultados, "aquilo que aconselha a experiência para privatizar uma empresa com estas características é que se deve sentar à mesa o vendedor, os credores, os trabalhadores e o comprador", frisou.
"É isso que é habitual, já aconteceu em dezenas de companhias aéreas neste mundo. É muito normal as companhias aéreas estarem à beira da ruptura financeira, a TAP não é a primeira nem será a última. Vem nos livros que a forma de isto se resolver é sentar à mesa os principais stakeholders", sublinhou Miguel Pais do Amaral.
É que, explicou, "o comprador não está disposto a passar um cheque sem garantir estabilidade laboral nem sem ter a garantia de que os credores estão de acordo com o plano e que eventualmente o vendedor assume alguma da dívida".
"A nossa carta não é mais do que isto: propor este plano sob a forma de uma carta", disse ao Negócios, lembrando as condições que impôs relativas aos trabalhadores, ao Estado e aos credores. "Esta forma de resolver este tipo de questões é tradicional e clássica", acrescentou.
É que para Miguel Pais do Amaral "a TAP de Junho, a que poderá vir a ser privatizada, não é igual à TAP de Dezembro", uma vez que "a empresa está numa queda livre do ponto de vista operacional e financeiro".
Em sua opinião, fazer "due dilligence" em Fevereiro ou Março para fechar uma proposta em Junho, "quando a empresa está neste declive operacional, não serve de muito". Por essa razão, "fazia mais sentido sentar à mesa o vendedor, credores, trabalhadores e o comprador e estes acordarem um plano que fizesse sentido".
O empresário entregou na passada sexta-feira uma proposta não vinculativa à Parpública através de uma carta. "Por não cumprir o caderno de encargos", o Governo excluiu Pais do Amaral do processo, avançando para negociações com os dois outros candidatos, David Neeleman, fundador da Azul, e Germán Efromovich, dono da Avianca.