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Repsol pode ser forçada a comprar participação da família Eskenazi na YPF (act.)
A expropriação da unidade argentina da Repsol pode forçar a empresa espanhola a comprar os 25% que a família Eskenazi tem na YPF e que não foram nacionalizados.
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A Repsol poderá argumentar, por seu lado, que não perdeu o controlo da empresa "voluntariamente" e que não tem que pagar nada à família Eskenazi. A empresa espanhola já reagiu, oficialmente, a esta notícia dizendo que, neste caso, "não se aplica" o acordo com a família Eskenazi.
Caso o argumento da Repsol prevaleça, a família Eskenazi pode ficar numa situação financeira complicada, escrevia ontem a mesma agência noticiosa. A empresa da família, o grupo Peterson, terá já iniciado negociações com diversos bancos com vista a obter financiamentos alternativos que lhe permitam pagar os empréstimos contraídos em 2008 e 2011, superiores a dois mil milhões de dólares.
Até agora, o grupo tem pago estes empréstimos com recurso aos dividendos da YPF. Mas o governo argentino já avisou que a empresa não vai pagar dividendos e que esse dinheiro será usado para reinvestir na empresa.
"A Repsol está, de facto, 'presa' a este empréstimo de 1,45 mil milhões de euros feito ao grupo Petersen para comprar 25% da YPF", escreve o analista Richard Segal do Jefferies Group numa nota de análise. Segal destaca, no entanto, a "ironia" desta situação já que a compra desta participação (que ocorreu em diversas fases) ocorreu com o "acordo tácito" da administração Kirchner.

Esta participação de 25% é usada como garantia dos empréstimos, recordam os analistas Alexandre Marie e Charles Riou do Exane BNP Paribas numa nota de análise emitida esta terça-feira, e será dividida pelos credores se o grupo Petersen entrar em incumprimento, ficando os bancos com 22% e a Repsol com 3%, indicam os mesmos analistas.
"Se o governo argentino não pagar dividendos (que é o cenário mais provável), o grupo Petersen não vai conseguir pagar os empréstimos", antecipam Alexandre Marie e Charles Riou citados pela Bloomberg.
Após a expropriação, a presidente Argentina afastou Sebastian Eskenazi (um dos filhos do patriarca da família, Enrique Eskenazi, vice-presidente da YPF) da presidência executiva da empresa – cargo que ocupava desde 2008 – e nomeou o ministro do Planeamento Julio de Vido.
Relativamente aos 51% da YPF que o Estado argentino agora nacionaliza, a dívida que passa a ser assumida pelo governo de Kirchner é de 3.000 milhões de dólares. A banca internacional já fez saber que vai accionar uma cláusula de alteração de controlo e exige o pagamento imediato ou o refinanciamento da referida dívida. Entre os cerca de 20 bancos, estão os espanhóis Santander e BBVA, diz o "El Confidencial".
(Notícia actualizada às 18h19 com a posição oficial da Repsol)