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CGD sai da PT: "Entristece-me ver instituições a desistir de Portugal"
Henrique Granadeiro, em declarações exclusivas ao Negócios, comenta a saída da Caixa Geral de Depósitos do capital da Portugal Telecom: "Entristece-me ver alguns indivíduos e instituições a desistir de Portugal".
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Este foi o comentário de Henrique Granadeiro esta manhã, pelo telefone, ao Negócios. O presidente do Conselho de Administração da Portugal Telecom recusou reagir à operação de venda da Caixa Geral de Depósitos da posição da PT, uma vez que não foi notificado da operação em causa.
A Caixa Geral de Depósitos anunciou esta quinta-feira, em comunicado à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários, que "pretende proceder à alienação de 54.771.741 acções da Portugal Telecom, representativas de aproximadamente 6,11% do capital social" da operadora.
Este valor corresponde à quase totalidade da participação que o banco público detém na Portugal Telecom: 6,31%, ou seja, 56.582.921 de acções.
A Caixa Geral de Depósitos, liderada por José de Matos (na foto em baixo), explica, em comunicado, que esta venda faz parte de uma "estratégia de desinvestimento em activos não estratégicos". O banco público irá agora proceder ao lançamento de uma oferta particular das acções, "através de um processo de 'accelerated bookbuilding' dirigido em exclusivo a investidores qualificados". A recepção de ordens tem efeito imediato.
Esta oferta particular de acções será concluída ainda esta quinta-feira. Segundo os termos da oferta, a que a Bloomberg teve acesso, a posição da CGD será vendida a um intervalo de preços entre os 3,45 euros e os 3,583 euros por acção. Ou seja, o banco público pode encaixar com esta venda entre 188,9 milhões de euros e 196,2 milhões de euros.
A operação foi mandatada pela CGD ao Crédit Suisse. Só quando o livro de ordens for fechado é que se saberá se haverá novas participações qualificadas no capital da Portugal Telecom ou se a participação de 6,11% será dispersa por investidores institucionais.
Como o Negócios noticiou esta manhã a administração da Portugal Telecom e o núcleo duro accionista foram surpreendidos pela saída da Caixa Geral de Depósitos, já tendo tido conhecimento dela. Para a Portugal Telecom esta venda é inoportuna, uma vez que está a ser negociada, neste momento, a fusão entre a empresa portuguesa e a Oi. A Caixa é accionista de referência da PT, pelo que a sua saída pode enfraquecer a posição portuguesa. Do outro lado da mesa de negociações está um conjunto de accionistas brasileiros, incluindo o BNDES, banco também público, mas do Brasil.
Para a CGD trata-se de um desinvestimento em activos não estratégicos.