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Acções do BES sobem mais de 2% e fecham em desequilíbrio com direitos

Direitos que permitem comprar novos títulos do banco estão "baratos" em relação às acções, abrindo oportunidades de arbitragem.

Paulo Moutinho | Nuno Carregueiro nc@negocios.pt 19 de Abril de 2012 às 17:31
As acções do Banco Espírito Santo fecharam em terreno positivo, numa sessão em que estiveram a beneficiar sobretudo na negociação em alta dos direitos de subscrição do aumento de capital, que hoje se estrearam na bolsa de Lisboa.

Os títulos do banco liderado por Ricardo Salgado valorizaram 2,04% para 0,60 euros, recuperando parte da queda superior a 5% sofrida na última sessão, antes de arrancar o período de negociação dos direitos do aumento de capital.

Os direitos de subscrição começaram hoje a ser transaccionados na bolsa portuguesa e a tendência foi positiva durante grande parte da sessão. Atingiram um máximo de 0,38 euros, bem acima dos 0,338 euros, valor teórico que resultava da cotação de fecho de ontem das acções do BES.

Contudo, os direitos corrigiram no fecho da sessão, para 0,33 euros, uma cotação que representa um desequilíbrio de 2,7% face à cotação das acções. A cotação de fecho das acções implica um valor teórico para os direitos de 0,359 euros, enquanto a cotação de fecho dos direitos aponta para um valor teórico das acções de 0,584 euros.

Deste modo, os direitos estão baratos em relação às acções, abrindo oportunidades de arbitragem, uma operação que consiste no aproveitamento de desequilíbrios de mercado. Neste caso específico, com as actuais cotações, a operação consiste na compra de direitos e venda de acções em simultâneo, para obter ganhos sem risco.

Na sessão de hoje foram movimentados 29,6 milhões de direitos, uma pequena parcela dos 1.461 milhões de direitos que foram admitidos à negociação. Por cada acção os accionistas receberam um direito, que possibilita a compra de 1,75 acções ao preço de 0,395 euros cada uma.

Pressão nas próximas sessões

Os analistas antecipam que a negociação dos direitos pressione as acções nas próximas sessões.

"É natural que possa haver alguma pressão vendedora nos primeiros momentos de negociação dos direitos, uma vez que os atuais accionistas que não pretendem ir ao aumento de capital procurarão vender os seus direitos o mais rapidamente possível", diz Miguel Gomes da Silva , responsável pela sala de Mercados do Montepio, ao Negócios.

A negociação dos direitos tende a ser bastante concorrida, até porque há investidores que procuram retirar proveitos com a diferença de preços entre o valor das acções que estão no mercado e os novos títulos (ver esquema). "Há sempre a jogada de vender os direitos para recomprá-los a um preço inferior", lembrou um especialista. No entanto, alerta para "a baixa liquidez que se pode verificar".

E há outro factor que pode pesar ainda mais a negociação dos direitos: "Esta operação permite aos investidores materializar a liquidez [sem ter de vender acções], no sentido de colmatar a ausência de dividendos. Os direitos podem permitir a quem tenha maiores necessidades de liquidez, obtê-la", remata o mesmo especialista. E sublinha que, não havendo dividendos, ao contrário dos accionistas de referência, os pequenos não se importam de reduzir a participação relativa no BES.

Quem não quer participar na operação deverá vender os títulos, sob pena de perder integralmente o valor do ajuste na cotação. Mas é preciso "ter em atenção os custos de transacção que são cobrados pelos intermediários financeiros", sublinha Miguel Gomes da Silva. Ao vender os direitos os investidores irão sempre perder algum dinheiro, dada a cotação teórica destes títulos. Para quem pretende reforçar ou ainda não é accionista esta pode ser uma oportunidade para fazê-lo a desconto.





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