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Analista: Maioria dos bancos europeus deixará de fazer research

Mais da metade dos bancos de investimento na Europa fecharão os seus departamentos de research com a entrada em vigor de regulações que estimulam os clientes a tornarem-se mais selectivos em relação ao conteúdo que usam, segundo Ed Wolfe, fundador e sócio-gerente da Wolfe Research.

No dia 9 de Fevereiro, a Europa acordou em sobressalto. Os mercados bolsistas estavam a 'derreter' e a fuga de capitais para os refúgios - ouro e dívida alemã - dava sinais de que o caso era sério. No final do dia, os piores cenários confirmaram. O índice bolsista de banca perdeu quase 30%, as quedas da bolsa oscilavam entre os 18,5% de Frankfurt e os quase 40% de Atenas, com os índices a regressarem à década de 90. O receio em torno da fragilidade financeira da Europa, com o Deutsche Bank à cabeça, assustou muita gente. Dois dias depois, a tempestade desapareceu do mapa.
Bloomberg
Bloomberg 21 de Novembro de 2017 às 17:24

Como a maioria das gestoras de activos pagará notas de research dos próprios bolsos, o montante dedicado a pagamentos pelo trabalho dos analistas colapsará após a revisão da Directiva dos Mercados de Instrumentos Financeiros pela União Europeia, defende Wolfe. Dentro de dois anos, 30% dos analistas serão demitidos, prevê o responsável, e futuramente os bancos de investimento mais fracos cederão e fecharão os seus departamentos de análise.

 

"Existem 11 grandes bancos na Europa responsáveis por 70% dos dólares investidos em research, mais ou menos", afirmou Wolfe, de 51 anos, em entrevista. "Destes 11, quatro ou cinco estarão a fazer análise" em 2021 devido aos "orçamentos fortemente reduzidos", acrescentou.

 

A regulação, conhecida como MiFID II, forçou gestoras de recursos e corretoras a reavaliarem o que gastam ou cobram por notas de research. A lei, que entrou em vigor em Janeiro, exige que os clientes paguem pela análise separadamente em vez de recebê-la dos bancos num pacote de serviços que inclui execução comercial. O objectivo é oferecer aos investidores mais transparência sobre quanto pagam por serviços específicos.

 

Wolfe é parte interessada. Ex-analista de transportes da Bear Stearns que se tornou independente em 2008, o seu modelo de negócio inclui escolher os melhores analistas dos bancos de Wall Street. Apenas analistas reconhecidos que ainda consigam trabalhar sobreviverão neste novo mundo, defende. A sua firma, com sede em Nova Iorque, emprega 17 analistas e equipas de associados.

 

Os clientes já se tornaram mais parcimoniosos, disse Wolfe. Depois de um hedge fund ter repentinamente reduzido os seus pagamentos, Wolfe fez uma visita para descobrir o motivo e foi informado que a empresa descobriu que estava a pagar em excesso há anos. Os gestores de recursos não geriram com cuidado o processo de votação que ajuda a determinar os pagamentos dos analistas e, como resultado, alguns funcionários receberam classificações - e remunerações - mais altas do que era devido, explicou. Antes da MiFID, os clientes nem perdiam tempo a verificar.

 

A opinião geral é que os maiores bancos de investimento e algumas boutiques financeiras sairão vencedores da reforma europeia, mas segundo Wolfe todos terão problemas num futuro próximo.

 

"Num mau ambiente de mercado, a MiFID dá muita cobertura para se esconder, adiar votações, atrasar pagamentos", disse Wolfe. "Os próximos dois anos serão difíceis para todos."

 

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