Notícia
Há 14 sessões seguidas que os juros da dívida portuguesa estão a cair. Há novo mínimo
Os investidores nunca pediram tão pouco para negociar dívida nacional entre si. O risco face à Alemanha é o mais reduzido nos últimos cinco anos. O ambiente europeu continua a ser a justificação.
- 33
- ...
Os investidores estão a comprar títulos de dívida portuguesa, que só serão reembolsados dentro de dez anos, aceitando uma taxa de juro implícita de 1,75%. É a primeira vez que tal ocorre no mercado secundário, onde se negoceiam estes títulos entre os investidores.
A taxa de juro implícita às obrigações portuguesas a dez anos é de 1,751%, uma queda de 7,7 pontos base (0,077 pontos percentuais), de acordo com as taxas genéricas da Bloomberg. Há 14 sessões consecutivas que a tendência de descida é a realidade no mercado de dívida nacional. Um ciclo que levou esta "yield" para valores nunca antes vistos. Há 14 sessões, a taxa encontrava-se em 2,58%.
O comportamento de queda das rendibilidades exigidas pelos investidores para negociar dívida portuguesa é extensível a todas as maturidades. A dois anos, a descida é de 0,9 pontos base para 0,243% enquanto, no prazo a cinco anos, a quebra é de 4,9 pontos base para 0,87%.
O desempenho negativo dos juros no mercado secundário tem também ditado descidas nos juros pagos no mercado primário – quando o Estado vende dívida directamente. Aliás, aproveitado este comportamento, a agência que gere a dívida pública tem pedido dinheiro emprestado aos investidores de forma a pagar juros historicamente baixos.
A descida dos juros (que evolui em sentido contrário do preço das obrigações) faz com que o risco da dívida nacional esteja, igualmente, em valores inéditos nos últimos anos. O risco mede-se pela diferença face à dívida alemã e, esta segunda-feira, enquanto os juros nacionais descem, os germânicos sobem, ou seja, o risco contrai, estreando um novo mínimo desde Abril de 2010, há praticamente cinco anos. Quer isto dizer que Portugal tem um risco idêntico ao verificado antes do seu pedido de ajuda e também antes do pedido feito pela Grécia.
O alívio dos investidores não é exclusivo da dívida nacional, já que os juros têm estado em mínimos noutros países. Ainda hoje, a dívida italiana tocou em novos mínimos, estando a descer em todos os prazos, como acontece na Irlanda. Em Espanha e Grécia há uma tendência mista.
Os investidores têm aceitado adquirir dívida portuguesa e dos restantes países europeus com rendibilidades associadas reduzidas devido à política monetária do Banco Central Europeu. Por um lado, vai iniciar-se um programa de apoio à economia que envolve a compra de dívida soberana (a procura aumenta o preço que, por sua vez, diminui as "yields") que, em antecipação, tem já conduzido a fortes descidas dos juros. Por outro lado, os investidores também procuram alternativas ao facto de a taxa de depósitos determinada por Frankfurt estar em - 0,2%.