Opinião
Futebol em vias de expansão ou extinção?
A época de futebol 2015/16 ficará para a história, nem que seja porque foi a época em que dois dos nossos principais clubes não tiveram nenhum patrocinador principal nas respetivas camisolas.
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É bom que os dirigentes desportivos dos clubes de futebol não estranhem e que se vão habituando, e isto porquê?
Vamos fazer uma breve analogia baseada em "storytelling", imaginemque existem várias fábricas de manteiga em Portugal. Entretanto, o diretor da fábrica A dirige-se aos órgãos de comunicação social e diz que a fábrica B elabora manteiga com leite falso. Dias depois o diretor da fábrica B comunica para os órgãos de comunicação social que a fábrica A elabora manteiga com leite estragado fora de validade. Uma semana depois a fábrica C elabora um "press release" que indicia que pelo menos quatro fábricas em Portugal não cumprem as regras de higiene e segurança alimentar.
Ao final de um mês chega a Portugal um grupo de investidores para apostar no sector agroalimentar, entretanto, começa a analisar o mercado. Ao analisarem o mercado denotam que o consumo de manteiga decresceu e que o consumo de margarina aumentou. Curiosos, os investidores perguntaram a um especialista em estudos de mercado o porquê desta quebra. O especialista respondeu, os portugueses ouviram tantas más notícias sobre a qualidade da manteiga que agora substituíram a manteiga por margarina.
Esta história deveria servir de inspiração para todos os dirigentes dos clubes de futebol, e porquê? Vamos por pontos:
- Nunca devemos publicamente deteriorar um setor.
- Ter a noção económica de bem substituível - o futebol, tal como outros produtos tem modalidades desportivas substituíveis.
- Assumir como compromisso não quebrar a confiança dos nossos clientes e investidores, até porque no futebol muitas vezes há clientes comuns. O adepto do clube A pode comprar bilhete para assistir ao jogo no estádio do clube B. O mesmo se passa com os investidores em publicidade, assistimos frequentemente aos mesmos patrocinadores em estádios diferentes.
- A ética é o que sustenta um setor a médio longo prazo – o caso FIFA e UEFA é bem elucidativo.
A consciencialização dos dirigentes desportivos pelos atos danosos que provocam no futebol é imperiosa.
Analisando os dados de um estudo recentemente publicado pela Cision sobre esta temática: "A eventual presença nas camisolas de Porto e Sporting podia ter gerado, entre julho e setembro de 2015, um retorno para uma marca de aproximadamente 8 milhões de euros em cada clube. Este valor, agora divulgado pela Cision, verificar-se-ia caso a presença da eventual marca patrocinadora se fizesse quer na camisola de jogo principal, quer nos equipamentos de
treino da equipa. Até ao final da época desportiva, a Cision estimou ainda que este valor possa ascender a mais de 35 milhões de euros, quantia obviamente dependente dos acontecimentos em torno dos respetivos clubes, bem como das respetivas conquistas e resultados desportivos obtidos pelos mesmos."
Com um tão elevado retorno, porque é que não aparece nenhum investidor?
Gestor e Professor Universitário
Este artigo está em conformidade com o novo Acordo Ortográfico