Opinião
A Troika manda. Mas manda mesmo
Na conferência de imprensa da Troika, há uma semana, houve um pormenor curioso.
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Na conferência de imprensa da Troika, há uma semana, houve um pormenor curioso. A certa altura dois dos seus representantes desataram a fornecer "demasiados" detalhes sobre a situação portuguesa. Primeiro foi Jurgen Kröger a quantificar, por sectores, a derrapagem orçamental: Educação, BPN, Madeira… Kröger anunciaria ainda, em primeira mão, a transferência do fundo de pensões da banca para a Segurança Social. Depois veio Poul Thomsen: questionado sobre quanto teria o IVA de subir para se baixar a TSU, o representante do FMI recusou dar detalhes. Mas de seguida avançou que a redução da TSU não poderia ser selectiva e, para ter impacte, teria de descer 6 a 7%.
Os jornalistas presentes nem queriam acreditar: tanta "generosidade" informativa…? Ora é precisamente este pormenor que merece reflexão: porque forneceu a Troika tantos detalhes e porque foi tão longe em "recados" que acabaram por entalar o Governo (Passos Coelho terá, agora, de explicar onde vai buscar receitas para baixar a TSU em 6%)? Por discordar de algumas opções (na véspera o Governo divulgara um relatório que sugeria uma baixa comedida e selectiva da TSU)?
A "generosidade" informativa surpreendeu o Governo. Até porque, diz-se, não há desentendimentos com a Troika. Será mesmo assim? É que os detalhes divulgados soaram a recados explícitos… de quem tutela o país. É verdade que Kröger não tem experiência destas andanças. Mas Thomsen não é novato. E, pelo sim, pelo não, deve ter querido condicionar as decisões em matéria de TSU: como vai, agora, o Governo defender que a TSU só pode baixar 4%? Se alguém tinha dúvidas de que a Troika veio para mandar, que as perca.
Os jornalistas presentes nem queriam acreditar: tanta "generosidade" informativa…? Ora é precisamente este pormenor que merece reflexão: porque forneceu a Troika tantos detalhes e porque foi tão longe em "recados" que acabaram por entalar o Governo (Passos Coelho terá, agora, de explicar onde vai buscar receitas para baixar a TSU em 6%)? Por discordar de algumas opções (na véspera o Governo divulgara um relatório que sugeria uma baixa comedida e selectiva da TSU)?
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