Opinião
Um país de filhos... e enteados
Salazar "comprou" a fidelidade da Administração Pública dando--lhe um benefício vitalício: os funcionários públicos tinham emprego para a vida.
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Salazar "comprou" a fidelidade da Administração Pública dando-lhe um benefício vitalício: os funcionários públicos tinham emprego para a vida. Em compensação, a remuneração era inferior à do sector privado. Em democracia, o funcionalismo público manteve essa prerrogativa fantástica (emprego de longa duração) e juntou-lhe outra: os salários médios ultrapassaram os do sector privado. Nos últimos cinco anos, mercê dos problemas orçamentais, a desigualdade entre sector privado e público estreitou-se.
Mas foi sol de pouca dura, a avaliar pela decisão do Governo de apoiar financeiramente (leia-se conceder empréstimos) aos funcionários reformados, ou em actividade. Há alguma razão para privilegiar funcionários públicos em detrimento de outras classes? Nenhuma. Desde logo, porque não cabe ao Estado substituir-se aos cidadãos, em geral, se estes tiveram uma conduta irresponsável (por exemplo, excesso de endividamento).
Mas, sobretudo, porque se o Estado acha que os seus funcionários merecem ser apoiados, devia também ser generoso com o resto dos cidadãos. É claro que se percebe este "bodo aos pobres". Os funcionários do Estado representam cerca de 15% da população activa. Depois de terem sido "maltratados" durante quatro anos, e tendo em conta que as eleições estão à porta, dá jeito recuperar os alienados pela política de "rigor orçamental". Se é que esta expressão tem algum sentido depois do que se viu nos últimos meses...
Mas foi sol de pouca dura, a avaliar pela decisão do Governo de apoiar financeiramente (leia-se conceder empréstimos) aos funcionários reformados, ou em actividade. Há alguma razão para privilegiar funcionários públicos em detrimento de outras classes? Nenhuma. Desde logo, porque não cabe ao Estado substituir-se aos cidadãos, em geral, se estes tiveram uma conduta irresponsável (por exemplo, excesso de endividamento).
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