Opinião
Os idosos serão o próximo passo da Internet?
Dois dos principais problemas que a terceira idade enfrenta, designadamente a solidão e a mobilidade, têm o potencial de ser minimizados através da Internet e do "ecommerce" com benefícios sociais e económicos.
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Cada vez mais o tema dos idosos e reformados está na ordem do dia. O aumento da esperança média de vida, o crescimento da população nos anos a seguir à segunda guerra mundial ("baby boomers") e o consequente crescimento do número de pessoas na chamada terceira idade, justifica que este grupo tenha obtido uma relevância significativa. Análises sobre a população envelhecida, custo social, a par de histórias trágicas de isolamento e solidão, são notícias diárias. Só em Portugal, o número de pessoas com mais de 65 anos já ultrapassou o grupo etário com menos de 15 anos, aumentando gradualmente o número de pessoas com idade superior a 75 anos.
Dois dos principais problemas que este grupo etário enfrenta, designadamente, a solidão e a mobilidade, têm o potencial de ser minimizados através da "Internet" e do "ecommerce". No entanto, quando procuramos na "Internet" serviços e sites para segmentos específicos, nomeadamente crianças, heterossexuais, gays, pessoas com cabelo pintado, etc, encontramos de todos os tipos, mas se procurarmos sites e serviços "online" para idosos, são bastante escassas. As razões apontadas são óbvias: os idosos não usam tecnologia, muitos dos empreendedores nestas áreas são jovens que não entendem ou não se preocupam com este "target", entre outras. Está na hora de mudar esta situação.
O que falta? Como no "marketing" de todos os produtos e serviços, falta entender o cliente, as suas características e necessidades específicas. Há que tornar as coisas mais simples e educar os consumidores. Acha impossível? Também há uns anos muita gente defendia que as pessoas idosas não iriam utilizar o telemóvel ou o multibanco, e hoje em dia já ninguém se surpreende. A nível de usabilidade a solução pode passar por menos botões, menos funcionalidades, textos e imagens maiores e apoio telefónico. Há que testar. Apesar de existirem tantos "tablets diferentes" no mercado, ninguém se lembrou de fazer um específico para este "target"? É necessário educar o cliente, incentivar a conversão, explicar as vantagens e promover testes grátis e descontos especiais para este segmento. São tudo ferramentas usadas diariamente para aumentar as vendas "online" e que podem ser aplicadas a este segmento.
Nesta época de crise em que o apoio social tem cada vez menos recursos, as empresas têm oportunidade de desenvolver um novo mercado com grande potencial económico a par da função social que o desenvolvimento de produtos e de serviços pode ter com este grupo etário. O verdadeiro conceito de negócio sustentável.
E enquanto a utilização da Internet por pessoas cada vez mais velhas não chegar a ser algo normal, vou-me enchendo de orgulho cada vez que recebo no México uma vídeo-chamada da minha avó através do seu "ipad".
Partner litsebusiness.com e professor de e-commerce e marketing digital na Nova SBE