Opinião
Sócrates vai à Pampilhosa?
Com o ar de quem quer decidir algo, José Sócrates disse que quer discutir as «causas estruturais» dos incêndios. O país suspirou de alívio e as chamas continuaram a fazer de Portugal um churrasco. Espera-se que o primeiro-ministro convoque agora o seu hom
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Portugal é uma marca de caixa de fósforos.
O Governo supõe que é um isqueiro que se utiliza nos concertos: apaga-se quando o espectáculo termina. Já não há «causas estruturais» para discutir. Estão todas definidas há muito tempo. A última, que é a do reforço dos bombeiros voluntários, é mais um delírio governamental.
Antigamente os cidadãos pertenciam a comunidades e nos bombeiros encontravam pontos de fraternidade. As empresas incentivavam isso. Hoje esse país acabou. Ninguém se conhece apesar de ainda haver alguma identidade local e a rentabilidade substituiu a teia de solidariedade.
Alie-se a isso a falta de limpeza das matas, os meios que nada têm a ver com os fogos de hoje e a incompetência do Estado. A desgraça está garantida. Sócrates não precisa de discutir o que quer que seja. Basta guardar um dia de férias para ir à Pampilhosa da Serra, falar com as pessoas e perceber o que são os incêndios no país.