Opinião
Luís Todo Bom
04 de Agosto de 2008 às 13:24
Ser optimista vs falar verdade
Nas recentes intervenções políticas do primeiro-ministro e da líder da oposição, o primeiro foi apelidado de "optimista" enquanto a segunda era definida por "falar verdade".
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Nas recentes intervenções políticas do primeiro-ministro e da líder da oposição, o primeiro foi apelidado de "optimista" enquanto a segunda era definida por "falar verdade".
Estas caracterizações apresentavam-se como mutuamente exclusivas, ou seja, "o optimista não falava verdade" e "quem falava verdade não era optimista".
Acontece que o País precisa exactamente de um primeiro-ministro que "fale verdade" e "seja optimista", ou seja:
• Que refira a verdade sobre a despesa pública mas apresente um programa optimista para a sua redução num curto espaço de tempo, para que deixe de condicionar o desenvolvimento económico do País.
• Que diferencie duma forma estruturada, tecnicamente correcta e verdadeira o bom do mau investimento público mas aposte claramente num programa de investimento público que seja indutor da criação de riqueza pela actividade económica privada.
• Que apresente um retrato verdadeiro da situação inaceitável em que se encontra o nosso ensino, em especial o ensino superior, mas apresente um programa de intervenção que diferencie positivamente as boas universidades apoiando-as na melhoria do ensino e sobretudo da investigação e que encerre os cursos e instituições de ensino superior sem qualidade.
• Que descreva com verdade os prazos absolutamente inaceitáveis de aprovação de novos projectos de investimento em especial na área do imobiliário turístico mas apresente um programa legislativo, administrativo e operacional coerente que permita encurtar esses prazos para valores da média europeia.
• Que descrimine dum modo detalhado e verdadeiro as dívidas do Estado aos particulares, mas determine aos vários organismos do Estado o cumprimento imediato e rigoroso dos seus compromissos financeiros, tornando novamente o Estado uma pessoa de bem, exemplo que possa depois ser seguido pelas empresas privadas nas suas relações comerciais.
• Que elabore um relato rigoroso da situação da justiça em Portugal, com indicação do prazo médio de duração de cada processo, número de adiamentos médios de julgamentos por processo e indicadores de qualidade das decisões judiciais com auditorias internacionais independentes, mas apresente um conjunto de medidas de melhoria das condições operacionais dos vários sub-sistemas da justiça e de adaptações legislativas que permitam melhorar gradualmente a situação actual.
• Que apresente uma análise rigorosa e verdadeira da competitividade das nossas empresas e a evolução da sua presença nos vários mercados internacionais, mas desenvolva um programa intensivo de conquista de novos mercados e de apoio às PME portuguesas na entrada nesses mercados.
• Que avalie com rigor e verdade os constrangimentos ao desenvolvimento empresarial e à captação de investimento estrangeiro por força do nosso sistema fiscal e de inovação tecnológica, nos apresente um programa consistente de redução da carga fiscal e de aumento do número de instrumentos de apoio às empresas mais inovadoras.
O país precisa de facto de um primeiro-ministro que seja rigoroso e que fale verdade, mas que seja também optimista e pró-activo na procura das soluções que o País precisa.
E, permitam-me um desabafo como militante do PSD, preocupado com o futuro do seu país mas também do seu partido. Se a dicotomia se resumir a "optimista" ou "falar verdade", receio bem que o os eleitores, em especial os mais jovens, optem pelo primeiro.
Professor Associado Convidado do ISCTE
Assina esta coluna mensalmente à segunda-feira
Estas caracterizações apresentavam-se como mutuamente exclusivas, ou seja, "o optimista não falava verdade" e "quem falava verdade não era optimista".
• Que refira a verdade sobre a despesa pública mas apresente um programa optimista para a sua redução num curto espaço de tempo, para que deixe de condicionar o desenvolvimento económico do País.
• Que diferencie duma forma estruturada, tecnicamente correcta e verdadeira o bom do mau investimento público mas aposte claramente num programa de investimento público que seja indutor da criação de riqueza pela actividade económica privada.
• Que apresente um retrato verdadeiro da situação inaceitável em que se encontra o nosso ensino, em especial o ensino superior, mas apresente um programa de intervenção que diferencie positivamente as boas universidades apoiando-as na melhoria do ensino e sobretudo da investigação e que encerre os cursos e instituições de ensino superior sem qualidade.
• Que descreva com verdade os prazos absolutamente inaceitáveis de aprovação de novos projectos de investimento em especial na área do imobiliário turístico mas apresente um programa legislativo, administrativo e operacional coerente que permita encurtar esses prazos para valores da média europeia.
• Que descrimine dum modo detalhado e verdadeiro as dívidas do Estado aos particulares, mas determine aos vários organismos do Estado o cumprimento imediato e rigoroso dos seus compromissos financeiros, tornando novamente o Estado uma pessoa de bem, exemplo que possa depois ser seguido pelas empresas privadas nas suas relações comerciais.
• Que elabore um relato rigoroso da situação da justiça em Portugal, com indicação do prazo médio de duração de cada processo, número de adiamentos médios de julgamentos por processo e indicadores de qualidade das decisões judiciais com auditorias internacionais independentes, mas apresente um conjunto de medidas de melhoria das condições operacionais dos vários sub-sistemas da justiça e de adaptações legislativas que permitam melhorar gradualmente a situação actual.
• Que apresente uma análise rigorosa e verdadeira da competitividade das nossas empresas e a evolução da sua presença nos vários mercados internacionais, mas desenvolva um programa intensivo de conquista de novos mercados e de apoio às PME portuguesas na entrada nesses mercados.
• Que avalie com rigor e verdade os constrangimentos ao desenvolvimento empresarial e à captação de investimento estrangeiro por força do nosso sistema fiscal e de inovação tecnológica, nos apresente um programa consistente de redução da carga fiscal e de aumento do número de instrumentos de apoio às empresas mais inovadoras.
O país precisa de facto de um primeiro-ministro que seja rigoroso e que fale verdade, mas que seja também optimista e pró-activo na procura das soluções que o País precisa.
E, permitam-me um desabafo como militante do PSD, preocupado com o futuro do seu país mas também do seu partido. Se a dicotomia se resumir a "optimista" ou "falar verdade", receio bem que o os eleitores, em especial os mais jovens, optem pelo primeiro.
Professor Associado Convidado do ISCTE
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