Opinião
A repetição do mesmo
O PS integrou numa plataforma maioritária dois pequenos partidos que não contribuíram com novas ideias de desenvolvimento e de modernização, mas usam o exercício de aprovação parlamentar do Orçamento para fazerem uma festa de “bar aberto”.
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A FRASE...
"Em primeiro lugar, está a dívida pública, só depois as pessoas, a economia e o país. Parece que recuamos a outros tempos de má memória."
Pedro Filipe Soares, Público, 20 de Novembro de 2020
A ANÁLISE...
A aliança parlamentar que o PS de António Costa celebrou em 2015 com o PCP e com o BE tinha como objectivos integrar estes dois partidos no arco de apoio à governação (de que estavam excluídos por opção das anteriores direcções socialistas) e criar as condições necessárias para abandonar o programa de ajustamento elaborado com as instituições internacionais que tinham oferecido os meios financeiros e técnicos para se sair da situação de bancarrota a que se chegara em 2011. Cinco anos depois, não houve crescimento económico, não se reduziu o excesso de dívida pública, não se abriram horizontes estratégicos novos para o desenvolvimento da economia e verifica-se agora, perante uma nova crise económica de grande intensidade, que a integração do PCP e do BE no arco de apoio à governação não trouxe estabilidade política nem convergência estratégica.
Quando o diabo voltou, e ninguém poderia esperar que não voltasse, as pessoas, a economia e o país estão mais vulneráveis e indefesos do que estavam quando mandaram embora o diabo. E não é só porque o diabo voltou mascarado de peste, é porque durante os cinco anos em que o diabo andou por outras paragens as instituições do poder não se interessaram por alterar as estruturas que geram a estagnação no crescimento, as dívidas nos balanços e a impossibilidade de acumular capital que não seja por importação para captura de activos. A economia está congelada, a sociedade está paralisada e a dívida que continua a crescer está a destruir as bases de capital que ainda existiam depois de todos os acidentes do último meio século. Só o PCP e o BE, sustentados pela escolha de alianças do PS, permanecem fiéis às suas ilusões, indiferentes à realidade efectiva das coisas.
O PS integrou numa plataforma maioritária dois pequenos partidos que não contribuíram com novas ideias de desenvolvimento e de modernização, mas usam o exercício de aprovação parlamentar do Orçamento para fazerem uma festa de "bar aberto", ou seja, um Orçamento aberto que o Banco Central Europeu há-de pagar. É a repetição do mesmo - não aprenderam nada e não esqueceram nada.
Artigo em conformidade com o antigo Acordo Ortográfico
Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências diretas e indiretas das políticas para todos os setores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.
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