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Opinião
Paulo Carmona 13 de Maio de 2019 às 18:40

Subir impostos ou privatizar?

Ou subimos impostos para melhorar os serviços, como defende o PM, ou reduzimos impostos e privatizamos, vendendo a quem tem dinheiro para prestar um bom serviço, mais Fertagus e menos CP, por exemplo.

A FRASE...

 

"CP sem recursos para evitar uma nova crise ferroviária no verão."

 

Público, 6 de maio de 2019

 

A ANÁLISE...

 

Nota-se que o Parlamento está muito mais preocupado em criar baterias de leis e resoluções e muito menos em debater as consequências desses diplomas ou de outros aprovados no passado. Falta de discussão sobre que sociedade queremos, gastando tempo demais em quezílias e jogos partidários, e qualquer tentativa de debate sério é logo fulanizada e reduzida a quais as verdadeiras intenções de quem levantou o tema.

 

Assim, é de louvar a campanha bastante interessante do partido Iniciativa Liberal, transpondo para os "placards" muito do seu eficaz combate nas redes sociais. Quando o Bloco de Esquerda teve um "placard" a pedir Saúde Pública para todos, a IL veio ao lado pedir ADSE para todos, e quando o CDS garante uma melhor distribuição do dinheiro europeu, lá vem a IL desejar uma menor dependência dos fundos europeus.

 

Um dos seus últimos cartazes chama a atenção para um gráfico com o valor de impostos a subir e a qualidade dos serviços públicos a seguir em sentido oposto. É visível que temos a maior carga fiscal e os maiores índices de insatisfação com os serviços públicos, de sempre. Ou seja, o que sociedade paga ao Estado, ou que este extrai pelos seus impostos, não tem um retorno adequado e correspondente. Pagamos demais pelo que recebemos. E aqui temos um ponto. Ou subimos impostos para melhorar os serviços, como defende o PM, ou reduzimos impostos e privatizamos, vendendo a quem tem dinheiro para prestar um bom serviço, mais Fertagus e menos CP, por exemplo.

 

Em defesa do PM, a nossa carga fiscal nem está longe da média da OCDE, apenas 1% acima. Claro que a média é tramada, é mais fácil um país rico pagar 40% de imposto do que um pobre pagar 25% nos IVA e rendimentos. E tudo teria sido mais fácil se não tivesse baixado das 40 para as 35 h por semana, reduzido o IVA da restauração, mas eram promessas eleitorais… tal como a devolução dos rendimentos e contagens de tempo.

 

Ter contas equilibradas satisfazendo essas promessas é uma arte, mas a aritmética não o é. A quebra do investimento público para os valores mais baixos de sempre, os medíocres serviços públicos e de transporte e a carga fiscal provam-no. Com o rigor das contas, ou austeridade que é sinónimo, elevando a novo mantra, a única solução para a melhoria dos serviços é aumentar mais os impostos? E quais? Vamos à discussão?

 

Este artigo de opinião integra A Mão Visível - Observações sobre as consequências diretas e indiretas das políticas para todos os setores da sociedade e dos efeitos a médio e longo prazo por oposição às realizadas sobre os efeitos imediatos e dirigidas apenas para certos grupos da sociedade.

maovisivel@gmail.com

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