Opinião
Dólar vulnerável com as eleições à vista
O que se espera é uma reacção mais favorável dos mercados accionistas e menos das obrigacionistas caso Bush vença.
Os mercados registam de momento alguma indefinição. O que fica a dever-se à proximidade das eleições presidenciais nos Estados Unidos e à divulgação dos resultados trimestrais pelas empresas. Estes factores deverão continuar a dominar as próximas sessões e a provocar alguma volatilidade nos principais mercados.
Em termos de resultados, as dúvidas que existem quanto à capacidade das empresas em superarem as expectativas do mercado ou os receios quanto ao anúncio de perspectivas menos favoráveis para os próximos trimestres deverão continuar a gerar alguma volatilidade. Apesar dos resultados já divulgados por várias empresas (por exemplo General Electric, Intel, Google, IBM entre outras) manterem intactas as expectativas de recuperação da economia e deixarem antever algum optimismo cauteloso para os próximos trimestres.
Nos mercados cambiais, o dólar americano deverá manter-se vulnerável depois do EUR nas últimas sessões ter quebrado alguns níveis técnicos significativos (nomeadamente o limite superior do intervalo 1.2000 USD / 1.2400 USD, um intervalo em que o EUR permanecia desde finais de Maio). Alguns indicadores económicos na próxima semana poderão reforçar esta tendência - o índice de sentimento empresarial Ifo na Alemanha em Outubro poderá dar mais indicações quanto às perspectivas económicas na principal economia da zona euro e ajudar a aferir o impacto em termos de competitividade da apreciação recente do euro.
Nos Estados Unidos destaque para a divulgação da confiança dos consumidores em Outubro, o Beige Book do Federal Reserve, as ordens de bens duráveis em Setembro, o PIB do 3º trimestre e o Chicago PMI. Todos estes indicadores poderão ajudar a determinar o impacto da subida do preço do petróleo na confiança dos empresários e dos consumidores (na zona euro o índice de sentimento económico vai ser divulgado na sexta feira).
Quanto às eleições presidenciais de 2 de Novembro, não se antecipa uma alteração significativa nas perspectivas económicas independentemente de uma vitória de Bush ou de Kerry. O que se espera é uma reacção mais favorável dos mercados accionistas e menos favorável dos mercados obrigacionistas caso Bush e não Kerry sair vitorioso. De qualquer maneira a indefinição ou incerteza em torno destas eleições - as últimas sondagens continuam a não dar uma vantagem clara a um dos candidatos - penaliza sempre os mercados.