Opinião
Perder o futuro
Na Irlanda, a classe política trouxe para o debate eleitoral um tema incandescente: 50 mil jovens licenciados, sem trabalho, preparam-se para emigrar.
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O assunto é levado a sério porque o país esteve a investir em quadros que agora vão enriquecer outras latitudes. O paradigma mudou: não são trabalhadores da construção civil ou da indústria que estão a emigrar, são jovens que custaram muito dinheiro a formar. A Irlanda arrisca-se a perder uma geração de que depende para o futuro.
E os políticos percebem isso. Em Portugal ninguém se interessa pelo tema. Quando a Alemanha anunciou que estava disposta a acolher jovens quadros portugueses, a classe política nem abriu pio. Ou seja, ninguém questiona a nova lógica da Europa: os países da periferia receberam dinheiro da Alemanha para lhe comprar produtos e agora fornecem-lhe quadros qualificados de borla. Não há como não propor uma estátua à senhora Merkel. Portugal mostra-se incapaz de motivar os mais novos a ficar. Vamos pagar caro essa indiferença. Até porque não estamos a perceber a mudança demográfica no mundo e a sua implicação no mundo político. Se olharmos para a Tunísia, o Egipto ou o Bahrain, talvez encontramos algo ali para lá dos velhos chavões da estabilidade: a maioria de quem está na rua tem menos de 30 anos. Há dias, Gordon Brown dizia que se estava a desperdiçar uma geração inteira: em 2007, o desemprego jovem no mundo industrializado era de 12%. Agora é de 18%. Esqueceu-se de referir que ele também ajudou a este desfile fúnebre. Em Portugal está-se a perder o futuro. Mas ninguém acha isso relevante.
E os políticos percebem isso. Em Portugal ninguém se interessa pelo tema. Quando a Alemanha anunciou que estava disposta a acolher jovens quadros portugueses, a classe política nem abriu pio. Ou seja, ninguém questiona a nova lógica da Europa: os países da periferia receberam dinheiro da Alemanha para lhe comprar produtos e agora fornecem-lhe quadros qualificados de borla. Não há como não propor uma estátua à senhora Merkel. Portugal mostra-se incapaz de motivar os mais novos a ficar. Vamos pagar caro essa indiferença. Até porque não estamos a perceber a mudança demográfica no mundo e a sua implicação no mundo político. Se olharmos para a Tunísia, o Egipto ou o Bahrain, talvez encontramos algo ali para lá dos velhos chavões da estabilidade: a maioria de quem está na rua tem menos de 30 anos. Há dias, Gordon Brown dizia que se estava a desperdiçar uma geração inteira: em 2007, o desemprego jovem no mundo industrializado era de 12%. Agora é de 18%. Esqueceu-se de referir que ele também ajudou a este desfile fúnebre. Em Portugal está-se a perder o futuro. Mas ninguém acha isso relevante.
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