Quando o ministro da Defesa diz, na entrevista ao DN e à TSF, que, "no limite, pode não ter havido furto nenhum" em Tancos, exala sobranceria. Mesmo existindo a hipótese académica, não é curial o detentor da tutela vir dizê-lo mais de dois meses depois do roubo, como se fosse normal continuarmos no actual estado de ignorância sobre o que se passou. Isto num caso que o próprio classificou como "grave".
No mais, a entrevista é um lavar de mãos. O apuramento de responsabilidades, Azeredo Lopes chuta-o todo para a hierarquia militar. Que não gostou, mas partilha, até ver, a culpa no cartório da inimputabilidade. Há processos a decorrer. Vejamos no que dão.
Em Pedrógão Grande, há essa mesma areia para os olhos dos inquéritos a decorrer, deixando intuir uma tentativa de que a culpa venha a morrer solteira lá pelas calendas. Não se trata de uma obsessão com a culpa, o argumento que o ministro arremessa a quem lhe pede consequências. É porque a assunção de responsabilidades é um passo essencial para garantir o respeito pelo Estado. E sem ela, dificilmente se operam verdadeiras mudanças.
Neste Governo, o reconhecimento de responsabilidades políticas pára nos secretários de Estado. Se a popularidade do Governo fosse outra, mais baixa, chegaria por certo aos ministros. Mas António Costa tem os seus "focus group" e eles sussurram-lhe que não é caso para tanto. A sobranceria tem outras manifestações. Está na forma como o Governo rasga acordos e depois vem pedi-los à oposição. Está no condicionamento dos nomes escolhidos para a administração do Conselho de Finanças Públicas. Ou na escolha dos novos membros para a administração da Anacom, com ligações a um dos regulados e ao PS. Aqui houve, ao menos, o bom senso de recuar na decisão.
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