Opinião
Arriscar em 2016
No investimento, o que é confortável raramente é rentável. A frase do investidor norte-americano Robert Arnott ilustra bem o desafio que os investidores têm enfrentado. O próximo ano não será diferente.
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Cumprindo a tradição, o Investidor Privado termina o ano com as perspectivas para o próximo. 2015 correu em boa medida como há um ano aqui se antecipava. Um dólar forte, um impacto negativo da subida dos juros pela Reserva Federal nos países emergentes, a alta nas bolsas europeias e japonesas, com uma boa dose de volatilidade, acicatada sobretudo por factores políticos.
Ocorreram também episódios inesperados. Poucos antecipavam um desempenho quase nulo do mercado accionista americano ou achavam que o mercado chinês iria estar próximo do colapso. E talvez ninguém ainda vislumbrasse a hecatombe no preço do petróleo e de várias matérias-primas.
Para 2016, os estrategos voltam a estar optimistas para as acções europeias e japonesas. Seguir a evolução do balanço dos bancos centrais foi e deverá continuar a ser receita para o sucesso. É estar onde aqueles estiverem a crescer, alimentados por bilionários programas de compra de activos.
O lado negro desta força dos bancos centrais, é que os investimentos mais seguros, como os depósitos, vão continuar a render quase zero em 2016. Em muitos casos, até menos que a inflação, ameaçando o valor das poupanças. Isto não tem de ser uma inevitabilidade. Mas contrariá-la obriga a sair da zona de conforto.
Ter o dinheiro numa conta a prazo é fácil, mas não tem por ora retorno. Investir em acções ou obrigações oferece perspectivas de rentabilidade mais interessantes, mas acarreta o risco de perdas. Como o ano que agora termina mostra bem, há sempre imponderáveis. Mesmo com o seu exército de especialistas, muitos oriundos das melhores universidades e com enormes recursos à disposição, os bancos de investimento falham. O futuro tem essa particularidade chata de ainda não ter acontecido e portanto poder acontecer de modo diferente ao que dele no presente se quer fazer.
Mas é possível ser mais audaz com alguma segurança, evitando dissabores e embustes. Basta, além de estar bem informado das grandes tendências da economia e dos mercados, agarrar-se a alguns princípios básicos, que valem tanto ou mais que a prescrição dos analistas.
Conhecer bem o produto que se está a subscrever, diversificar os investimentos, definir as perdas que se está disposto a assumir. Mas sobretudo perceber que a poupança deve ter objectivos. E que cada objectivo tem o seu modo de poupar. O depósito a prazo ou o certificado de aforro são bons para um mealheiro de emergência. Mas não pode contar com eles para uma reforma mais folgada.