Com eleições em 2019, este ano somos brindados com uma invulgar verborreia orçamental. Jerónimo de Sousa marcou o tom com uma entrevista ao Expresso a 9 de Junho: "O ambiente está toldado no Orçamento, é evidente."
Veio logo o Presidente da República recomendar "bom senso" e o discurso do Dia de Portugal chegou com um recado:"Preferimos a paciência dos acordos, mesmo se difíceis, à volúpia das rupturas, mesmo se tentadoras." Uma carapuça para ser vestida por todos os partidos da geringonça. Mas as eleições acicatam os partidos e o próximo Orçamento é um instrumento estratégico fundamental. Por isso impacientam-se, ensaiam a tentação das rupturas. Todos esbracejam como miúdos numa mesa demasiado apertada a tentar marcar território com os cotovelos. PCP e Bloco de Esquerda avisam que o Governo não pode contar com o seu voto como garantido e que este vem perdendo o "ADN" de esquerda que permitiu o acordo parlamentar, preferindo a companhia da direita. Da parte do Governo, Augusto Santos Silva avisa Catarina Martins para que "não ceda à tentação de fazer ultimatos", enquanto Carlos César garante que "o PS não se desviou do seu caminho", e questiona se "os partidos que têm apoiado o Governo querem voltar a um regime de isolamento e a uma falta de influência na política portuguesa". O primeiro-ministro tanto desfere uma bicada, como se apresenta conciliador e apostado em manter "o que está a correr bem". PSD e CDS não podem ficar à margem. Assunção Cristas diz não ver "nenhuma hipótese" de o partido aprovar o Orçamento, enquanto Fernando Negrão diz que o seu partido vota "tendencialmente" contra. Rui Rio revelou mais bom senso: não é a favor nem contra porque a proposta de Orçamento do Estado não existe. Compreende-se a necessidade de os partidos fazerem uma marcação pública do tema. Mas todo este alarde, estéril e inconsequente, apenas concorre para o alheamento geral. Depois há a colagem do Orçamento a temas como o Código Laboral, fazendo meias-tintas com coisas completamente distintas.
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Com eleições em 2019, este ano somos brindados com uma invulgar verborreia orçamental. Jerónimo de Sousa marcou o tom com uma entrevista ao Expresso a 9 de Junho: "O ambiente está toldado no Orçamento, é evidente."
Veio logo o Presidente da República recomendar "bom senso" e o discurso do Dia de Portugal chegou com um recado:"Preferimos a paciência dos acordos, mesmo se difíceis, à volúpia das rupturas, mesmo se tentadoras." Uma carapuça para ser vestida por todos os partidos da geringonça.
Mas as eleições acicatam os partidos e o próximo Orçamento é um instrumento estratégico fundamental. Por isso impacientam-se, ensaiam a tentação das rupturas. Todos esbracejam como miúdos numa mesa demasiado apertada a tentar marcar território com os cotovelos.
PCP e Bloco de Esquerda avisam que o Governo não pode contar com o seu voto como garantido e que este vem perdendo o "ADN" de esquerda que permitiu o acordo parlamentar, preferindo a companhia da direita. Da parte do Governo, Augusto Santos Silva avisa Catarina Martins para que "não ceda à tentação de fazer ultimatos", enquanto Carlos César garante que "o PS não se desviou do seu caminho", e questiona se "os partidos que têm apoiado o Governo querem voltar a um regime de isolamento e a uma falta de influência na política portuguesa". O primeiro-ministro tanto desfere uma bicada, como se apresenta conciliador e apostado em manter "o que está a correr bem".
PSD e CDS não podem ficar à margem. Assunção Cristas diz não ver "nenhuma hipótese" de o partido aprovar o Orçamento, enquanto Fernando Negrão diz que o seu partido vota "tendencialmente" contra. Rui Rio revelou mais bom senso: não é a favor nem contra porque a proposta de Orçamento do Estado não existe.
Compreende-se a necessidade de os partidos fazerem uma marcação pública do tema. Mas todo este alarde, estéril e inconsequente, apenas concorre para o alheamento geral. Depois há a colagem do Orçamento a temas como o Código Laboral, fazendo meias-tintas com coisas completamente distintas.
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