Opinião
Marcelo e os assistemáticos
Sem nunca os identificar, Marcelo Rebelo de Sousa classificou ontem, na conferência do Negócios, o PCP e o Bloco de Esquerda como partidos assistemáticos.
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O conceito é curioso e serviu para o Presidente da República ilustrar o compromisso assumido por estes dois partidos de viabilizar o Governo PS de António Costa. "Também aqui se foi desenhando um consenso de regime", sustentou Marcelo Rebelo de Sousa.
No dicionário, o adjectivo assistemático tem a seguinte explicação: "Que não segue um sistema ou um método." Ao se comprometerem com um Governo PS, PCP e Bloco abdicaram dessa sua natureza para influenciar o sistema por dentro. "O arranque desta fórmula governativa era um conceito difícil, não há como o negar", acrescentou o Presidente, para mais adiante acrescentar que existe agora um caminho de confiança.
Pode até parecer que Marcelo Rebelo de Sousa, com este discurso, está a apoiar incondicionalmente o PS e a trair o PSD. Seria leviano pensar assim. O Presidente está a ser realista, convicto de que a melhor maneira de regenerar o sistema é trazer os assistemáticos para a equação.
Aliás, a expressão feliz de Marcelo tem todo o cabimento para ajudar a ler fenómenos políticos que espantaram o Ocidente, como o Brexit, a eleição de Donald Trump ou o crescimento das forças extremistas na Europa. Este caldo comunga todo a mesma natureza assistemática e o seu sucesso é explicado, em boa medida , pela incapacidade de o sistema absorver as suas reivindicações, transformando-as numa parte do todo.
Na Europa e nos Estados Unidos, marginalizaram-se os assistemáticos e o resultado tem sido a sua progressiva chegada ao poder. A tal ponto que o que agora se discute, tarde e a más horas, é a putativa capacidade do sistema para polir o Presidente eleito dos Estados Unidos e reduzir assim o seu grau de perigosidade.
Os sistemas de representação democráticos ocidentais passaram (e ainda passam) por um período de soberba que tem vindo a travar a sua regeneração. No pedestal da sua arrogância, destrataram os assistemáticos e os resultados estão tristemente à vista de todos. Em vez de liderarem processos de transformação sociais, andam a reboque dos acontecimentos, porque se esqueceram que a democracia é tanto mais rica quanto mais diversa for. Chegou, por isso, a hora de perceber a lição dos assistemáticos.
No dicionário, o adjectivo assistemático tem a seguinte explicação: "Que não segue um sistema ou um método." Ao se comprometerem com um Governo PS, PCP e Bloco abdicaram dessa sua natureza para influenciar o sistema por dentro. "O arranque desta fórmula governativa era um conceito difícil, não há como o negar", acrescentou o Presidente, para mais adiante acrescentar que existe agora um caminho de confiança.
Aliás, a expressão feliz de Marcelo tem todo o cabimento para ajudar a ler fenómenos políticos que espantaram o Ocidente, como o Brexit, a eleição de Donald Trump ou o crescimento das forças extremistas na Europa. Este caldo comunga todo a mesma natureza assistemática e o seu sucesso é explicado, em boa medida , pela incapacidade de o sistema absorver as suas reivindicações, transformando-as numa parte do todo.
Na Europa e nos Estados Unidos, marginalizaram-se os assistemáticos e o resultado tem sido a sua progressiva chegada ao poder. A tal ponto que o que agora se discute, tarde e a más horas, é a putativa capacidade do sistema para polir o Presidente eleito dos Estados Unidos e reduzir assim o seu grau de perigosidade.
Os sistemas de representação democráticos ocidentais passaram (e ainda passam) por um período de soberba que tem vindo a travar a sua regeneração. No pedestal da sua arrogância, destrataram os assistemáticos e os resultados estão tristemente à vista de todos. Em vez de liderarem processos de transformação sociais, andam a reboque dos acontecimentos, porque se esqueceram que a democracia é tanto mais rica quanto mais diversa for. Chegou, por isso, a hora de perceber a lição dos assistemáticos.
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