O congresso do PS foi um fato feito à medida de António Costa. Não é que se esperasse outra coisa, mas a verdade é que os costureiros do mesmo estiveram a altura das circunstâncias. Escutar elogios ao ministro das Finanças, Mário Centeno, saídos da boca de Manuel Alegre, enfatizam esta constatação. António Costa teve tudo o que queria. Transmitiram-se narrativas de pluralidade para construir um cenário de unidade em torno da actual liderança socialista.
Um secretário de Estado (Pedro Nuno Santos) a defender a aliança à esquerda e um ministro (Augusto Santos Silva) a colocar o partido ao centro. Esta aparente dupla visão é perfeita para António Costa. Sossega o PCP e o Bloco de Esquerda, mas continua a marcar ao centro, a geografia onde se ganham eleições. Apregoa o aumento de pensões e vangloria-se de, ao mesmo tempo, ter colocado as contas públicas em ordem. "O PS é o partido que melhor governa a economia e as finanças públicas. Acabámos com o mito de que em Portugal é a direita" que o sabe fazer, proclamou.
O primeiro-ministro enalteceu ainda o facto de Portugal ter conquistado a presidência do Eurogrupo, mas também questionou o estado da União Europeia. "O PS foi sempre e é o campeão do europeísmo em Portugal" mas esta "ainda não é a Europa que queremos". E ainda se dá ao luxo de anunciar que vai negociar melhores salários com as empresas.
Cada um dos participantes no congresso pode escolher a parte discursiva com o qual mais se identifica para concluir, sem rebuço, que este é o "seu" PS e que o actual secretário-geral é a pessoa certa no lugar certo. Quando se está no poder é tudo bem mais fácil.
Na realidade, a linha ideológica que António Costa traçou para o PS define-se numa singela palavra, pragmatismo. Com um único objectivo, o de conquistar uma maioria absoluta nas eleições de 2019. Para já inconfessável, visto que o Governo ainda precisará de negociar o Orçamento desse ano com os seus parceiros de esquerda, mas ainda assim evidente na forma como os socialistas têm vindo a actuar de forma a ocupar o território político de terceiros.
Os protagonistas deste 22º congresso do PS foram actores voluntários dessa estratégia. As diversas "sensibilidades" do PS tiveram agora o seu espaço mediático, mas nos próximos meses irão ceder ao "bem comum" que se materializará numa vitória eleitoral. De preferência, robusta.
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O congresso do PS foi um fato feito à medida de António Costa. Não é que se esperasse outra coisa, mas a verdade é que os costureiros do mesmo estiveram a altura das circunstâncias. Escutar elogios ao ministro das Finanças, Mário Centeno, saídos da boca de Manuel Alegre, enfatizam esta constatação. António Costa teve tudo o que queria. Transmitiram-se narrativas de pluralidade para construir um cenário de unidade em torno da actual liderança socialista.
Um secretário de Estado (Pedro Nuno Santos) a defender a aliança à esquerda e um ministro (Augusto Santos Silva) a colocar o partido ao centro. Esta aparente dupla visão é perfeita para António Costa. Sossega o PCP e o Bloco de Esquerda, mas continua a marcar ao centro, a geografia onde se ganham eleições. Apregoa o aumento de pensões e vangloria-se de, ao mesmo tempo, ter colocado as contas públicas em ordem. "O PS é o partido que melhor governa a economia e as finanças públicas. Acabámos com o mito de que em Portugal é a direita" que o sabe fazer, proclamou.
O primeiro-ministro enalteceu ainda o facto de Portugal ter conquistado a presidência do Eurogrupo, mas também questionou o estado da União Europeia. "O PS foi sempre e é o campeão do europeísmo em Portugal" mas esta "ainda não é a Europa que queremos". E ainda se dá ao luxo de anunciar que vai negociar melhores salários com as empresas.
Cada um dos participantes no congresso pode escolher a parte discursiva com o qual mais se identifica para concluir, sem rebuço, que este é o "seu" PS e que o actual secretário-geral é a pessoa certa no lugar certo. Quando se está no poder é tudo bem mais fácil.
Na realidade, a linha ideológica que António Costa traçou para o PS define-se numa singela palavra, pragmatismo. Com um único objectivo, o de conquistar uma maioria absoluta nas eleições de 2019. Para já inconfessável, visto que o Governo ainda precisará de negociar o Orçamento desse ano com os seus parceiros de esquerda, mas ainda assim evidente na forma como os socialistas têm vindo a actuar de forma a ocupar o território político de terceiros.
Os protagonistas deste 22º congresso do PS foram actores voluntários dessa estratégia. As diversas "sensibilidades" do PS tiveram agora o seu espaço mediático, mas nos próximos meses irão ceder ao "bem comum" que se materializará numa vitória eleitoral. De preferência, robusta.
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