Opinião
O Estado? O Estado são eles
Chave de leitura: a Vivo está vendida. A "golden share" só atrasou o negócio 15 dias. No dia 8, o tribunal considera-a ilegal; entretanto, a Administração da PT ganha tempo pedindo pareceres; até dia 16, reúne-se e diz: considerando que a "golden share" não se aplica, e tendo em conta o desejo dos accionistas na assembleia-geral, vende-se a Vivo.
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Chave de leitura: a Vivo está vendida. A "golden share" só atrasou o negócio 15 dias. No dia 8, o tribunal considera-a ilegal; entretanto, a Administração da PT ganha tempo pedindo pareceres; até dia 16, reúne-se e diz: considerando que a "golden share" não se aplica, e tendo em conta o desejo dos accionistas na assembleia-geral, vende-se a Vivo.
Até por isso, o veto da "golden share" foi ridículo. Cobre o País de vergonha e é um tiro de pólvora seca, impotente, não muda nada, adia. Sócrates agiu desesperado e de forma absolutista. Mas na PT, o Estado são os seus accionistas. A única réstia do Governo é negociar um acordo político com Zapatero que lhe salve a face e mantenha o ganho dos accionistas. Não vejo qual.
Nos próximos dias, aqui faremos a análise à venda que de qualquer modo se fará. Incompreensível é, para já, o veto da "golden share".
A utilização da "golden share" é inédita, surpreendente e, provavelmente, ilegal. Vai contra o mercado, contra a administração e contra a decência. E revela um País próximo do subdesenvolvimento económico.
A bomba atómica é a vergonha atómica. Quem quer mandar em empresas não as privatiza. Quem as privatiza não as renacionaliza depois. O que o Governo fez foi extorsão dos direitos dos donos da PT. O recurso à "golden share" é um regresso aos vergonhosos dias em que o Estado vetou a venda dos bancos de Champalimaud ao Santander. Uma experiência que, aliás, deu no que deu: no descalabro do BCP.
Três quartos dos accionistas da PT decidiram vender. Isso inclui mais de metade do "núcleo duro" português da PT. Gente que, como aqui se foi escrevendo e escrevendo e escrevendo, esteve sempre a negociar preço, a pedir que subisse. Conseguiu-o.
A venda da Vivo é má para a PT. Mas não é má para os seus donos. Seja como for, é assunto privado. Se o BES, a Ongoing e outros decidiram tratar da sua vida, isso é com eles. O que aconteceu hoje na assembleia-geral da PT não foi interven-cionismo, nem nacionalismo, nem governação. Foi uma derrota. Uma derrota de Portugal.
Resultado final da semana: Espanha 2 - Portugal abaixo de 0.
Até por isso, o veto da "golden share" foi ridículo. Cobre o País de vergonha e é um tiro de pólvora seca, impotente, não muda nada, adia. Sócrates agiu desesperado e de forma absolutista. Mas na PT, o Estado são os seus accionistas. A única réstia do Governo é negociar um acordo político com Zapatero que lhe salve a face e mantenha o ganho dos accionistas. Não vejo qual.
A utilização da "golden share" é inédita, surpreendente e, provavelmente, ilegal. Vai contra o mercado, contra a administração e contra a decência. E revela um País próximo do subdesenvolvimento económico.
A bomba atómica é a vergonha atómica. Quem quer mandar em empresas não as privatiza. Quem as privatiza não as renacionaliza depois. O que o Governo fez foi extorsão dos direitos dos donos da PT. O recurso à "golden share" é um regresso aos vergonhosos dias em que o Estado vetou a venda dos bancos de Champalimaud ao Santander. Uma experiência que, aliás, deu no que deu: no descalabro do BCP.
Três quartos dos accionistas da PT decidiram vender. Isso inclui mais de metade do "núcleo duro" português da PT. Gente que, como aqui se foi escrevendo e escrevendo e escrevendo, esteve sempre a negociar preço, a pedir que subisse. Conseguiu-o.
A venda da Vivo é má para a PT. Mas não é má para os seus donos. Seja como for, é assunto privado. Se o BES, a Ongoing e outros decidiram tratar da sua vida, isso é com eles. O que aconteceu hoje na assembleia-geral da PT não foi interven-cionismo, nem nacionalismo, nem governação. Foi uma derrota. Uma derrota de Portugal.
Resultado final da semana: Espanha 2 - Portugal abaixo de 0.
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