CDU
SPD
AFD
Die Linke
FDP
Verdes
Grande Coligação
CDU-FDP
Jamaica
CDU-Verdes
SPD-Verdes
SPD-Die Linke-Verdes
SPD-Verdes-FDP
Alternativa para a Alemanha (AfD)
As possilidades de coligações pós-eleitorais
A previsível inexistência de uma maioria absoluta e um Parlamento com mais partidos deixam antever que, mais uma vez, a Alemanha será governada por uma coligação. As opções são múltiplas.
Grande Coligação
Como o nome indica esta é uma coligação entre os dois maiores partidos alemães. Foi com esta aliança que Angela Merkel governou em dois dos três mandatos cumpridos como chanceler (primeiro e terceiro). Contudo, desta feita o SPD mostra maiores reservas em reeditar a “grande coligação”, até pela crescente dificuldade do partido em se afirmar eleitoralmente.

Sobre a UE, as duas forças são favoráveis à criação de um orçamento comum na Zona Euro, mas só o SPD defende o fim das políticas de contenção orçamental. Outra divisão é na área da Defesa, com o SPD a rejeitar o aumento da despesa militar para 2% do PIB como exigido pelos EUA e aceite por Angela Merkel que se comprometeu com Donald Trump atingir essa meta em 2024.

Em matéria fiscal ambas as forças defendem a redução de impostos, embora a CDU pretenda reduzir globalmente a carga fiscal em 15 mil milhões de euros e o SPD queira direccionar um corte de impostos de 10 mil milhões para a classe média.

No que concerne aos refugiados, tanto o partido de Merkel como o de Schulz se comprometem em acelerar o processo de deportações, sendo que o SPD rejeita qualquer alteração ao direito à requisição de asilo.
CDU-FDP
O FDP é o aliado natural da CDU sendo esta a coligação mais experimentada desde 1945. Ambos defendem cortes de impostos na próxima legislatura e o aumento da despesa militar para 2% do PIB. Os liberais querem mesmo elevar a despesa conjunta com Defesa e Ajuda ao Desenvolvimento para 3%.

Em matéria europeia é grande a consonância entre as duas forças. Ambas rejeitam a mutualização da dívida, mas enquanto os democratas-cristãos querem manter a integridade da Zona Euro os liberais defendem o direito aos países decidirem sobre a permanência na moeda única. O FDP está também próximo da ala mais ortodoxa da CDU que defende o fim das políticas de estímulo económico do Banco Central Europeu.

Sobre a política migratória, os liberais propõem a criação de um sistema de atribuição de asilo assente em três vectores: asilo político, asilo temporário para refugiados de guerra e outro para a imigração considerada regular.
Jamaica
Esta coligação (cores dos partidos são as mesmas da bandeira jamaicana) é desafiadora porque exige conciliar um partido ambientalista (Verdes) com uma força pró-empresas (FDP). Um Parlamento fragmentado e uma eventual recusa do SPD em se aliar à CDU pode levar Merkel a tentar uma via nunca seguida.

De uma forma genérica, a CDU posiciona-se entre as posições assumidas por liberais e ambientalistas em áreas como a política europeia e da moeda única, de impostos, climáticas e migratórias. Nestes temas, liberais e Verdes surgem bastante afastados.
CDU-Verdes
Nunca experimentada a nível nacional, esta tem sido uma fórmula de sucesso ao nível regional, em concreto no Estado mais rico da Alemanha (Baden-Wuerttemberg). A afastar os dois partidos está a intenção dos ambientalistas de aumentar impostos sobre os “muito ricos” e também a rejeição dos Verdes aos 2% do PIB de gastos o sector da Defesa.

Os ambientalistas não apresentam propostas muito específicas para o futuro da UE nem da Zona Euro, limitando-se a pedir um estímulo ao projecto europeu.

Já em matéria de refugiados há também diferenças substanciais, uma vez que os Verdes privilegiam a saída voluntária de requerentes de asilo e refugiados do território alemão à via das deportações.

Em questões ambientais há alguma consonância, com ambos a comprometerem-se com o cumprimento do Acordo de Paris sobre alterações climáticas. Contudo, os Verdes defendem a introdução de fortes agravamentos às penalizações aplicadas sobre o recurso a energias fósseis. Em contrapartida, a CDU propõe acabar com esta energia no longo prazo.
SPD-Verdes
A última vez que os social-democratas estiveram à frente da chancelaria (Gerhard Schröder) foi com os Verdes como partido júnior. É uma aliança natural que governa actualmente sete dos 16 Estados federais. Concordam com o aumento da carga fiscal sobre os rendimentos mais altos e rejeitam os 2% na Defesa.

É na relação com a Rússia que se encontra a diferença programática mais substancial, já que os social-democratas defendem o levantamento gradual das sanções financeiras aplicadas a Moscovo na sequência da anexação da Crimeia e das acções russas no Leste da Ucrânia e os Verdes exigem a manutenção dessas penalizações como instrumento dissuasor por forma a garantir a protecção da Europa de Leste.

No que concerne às energias fósseis também se identifica algum afastamento, porque se os ambientalistas querem caminhar rapidamente em direcção ao fim do recurso ao carvão, o SPD não assume uma posição sobre a matéria.
SPD-Die Linke-Verdes
Seria uma espécie de geringonça em versão alemã, uma coligação que governa actualmente a capital Berlim. Os três partidos tinham maioria em 2013 mas o SPD acabou por se aliar à CDU. As posições radicais do Die Linke (Esquerda) contra o capitalismo (quer uma taxa de 75% sobre os rendimentos mais elevados) e a NATO (defenda a saída da Aliança Atlântica) dificultam a concretização desta solução.

Acerca da Europa não se vislumbram diferenças de monta. Às posições do SPD e dos Verdes, o Die Linke quer que Berlim deixe de ter uma posição hegemónica no projecto europeu, intenção que vai ao encontro das afirmações já feitas na pré-campanha pelo candidato social-democrata Martin Schulz.

Tal como o SPD a esquerda-radical também quer o fim das sanções aplicadas à Rússia, embora não de forma gradual mas antes de forma imediata. Os Verdes querem que as sanções continuem em vigor. E se social-democratas e ambientalistas rejeitam reforçar os gastos na despesa até 2% do PIB, o Die Linke propõe cortes nessa área.

Em matéria ambiental as posições parecem conciliáveis, porém a esquerda-radical defende que a Alemanha deve garantir o direito à permanência no país de todos os refugiados que assim o queiram.
SPD-Verdes-FDP
A solução “semáforo” que governa no Estado da Renânia-Palatinado parece de difícil concretização ao nível nacional. Verdes e liberais têm posições opostas em relação aos impostos e aos gastos na Defesa. Social-democratas querem a Zona Euro intacta enquanto o FDP defende a possibilidade de países saírem do euro.

Se na generalidade dos temas a maior distância é entre liberais e ambientalistas, relativamente à Rússia é o SPD que não alinha pelo mesmo diapasão já que os outros dois partidos exigem a manutenção das sanções à Rússia.
Alternativa para a Alemanha (AfD)
Mais do que a esquerda radical (Die Linke), que também enfrenta dificuldades para encontrar aliados no Bundestag, o Alternativa para a Alemanha (AfD) surge claramente como um partido pária na política germânica. De movimento académico anti-euro a potencial terceira força no Bundestag, a ascensão AfD foi meteórica. Criado em 2013, o AfD ganhou relevância no quadro partidário alemão com a chegada, em 2015, de Frauke Petry à liderança do partido. Foi Petry a responsável pela guinada à direita que levou a revista Der Spiegel a classificar esta força como de “extrema-direita”.

O crescimento eleitoral do AfD foi surfado na onda da maior crise migratória desde a Segunda Guerra. Opondo-se à política de “portas abertas” da chanceler alemã que, em 2015, fez chegar um milhão de refugiados ao país, o AfD ultrapassou 15% das intenções de voto no pico da crise migratória.

As quezílias internas que levaram à saída de Petry da liderança – defendeu menor radicalismo para chegar ao eleitorado mais moderado – e a saída progressiva do tema dos refugiados da agenda mediática implicaram um recuo para, segundo as sondagens mais recentes, 8% a 10%. Seja como for, tudo aponta para que o AfD (já representado em 13 dos 16 parlamentos regionais) ultrapasse o limiar mínimo de 5% que garantirá a inédita entrada no Parlamento alemão.

E se a dupla liderança de Alice Weidel e Alexander Gauland alcançar uma votação na ordem dos 10%, o AfD pode mesmo tornar-se na terceira força germânica e, eventualmente, assumir-se como o maior partido da oposição. No horizonte das prioridades está impedir a “islamização da sociedade” alemã.