O retrato do novo governo da coligação
O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, vai dar posse ao novo Governo liderado por Pedro Passos Coelho, na próxima sexta-feira, dia 30 de Outubro. Por comparação com o anterior, este Governo tem mais dois ministérios, os da Modernização Administrativa e da Cultura e exactamente o mesmo número de mulheres do anterior, quatro na totalidade.
Pedro Passos Coelho
Primeiro-Ministro
Pedro Passos Coelho vai liderar o XX Governo Constitucional, um Executivo de continuidade em relação ao mandato anterior, cuja maior parte das vagas abertas foram preenchidas com promoções internas e quadros partidários. Com 15 ministérios, mais dois do que no anterior, o líder do PSD parte para um segundo mandato que pode ser um dos mais curtos da história, depois de ter conseguido levar até ao fim o primeiro Governo de coligação.
Maria Luís Albuquerque
Ministra de Estado e das Finanças
É outra repetente, sem novidade. Mantém o título de ministra de Estado e a pasta das Finanças a que ascendeu em Julho de 2013, na sequência da saída do então ministro Vitor Gaspar de que era, até então, secretária de Estado do Tesouro. Foi eleita como deputada pela coligação Portugal à Frente pelo distrito de Setúbal nas eleições de 4 de Outubro último.
Paulo Portas
Vice-Primeiro-Ministro
Líder do CDS-PP, que integra a coligação Portugal à Frente, juntamente com Passos Coelho, Portas mantém a vice-presidência que tinha já no anterior Executivo e a que subiu em 2013, depois do episódio da sua "demissão irrevogável" – no início do anterior mandato começara por ser Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros. Tinha a coordenação das políticas económicas e da reforma do Estado e coube-lhe o papel de fazer a ponte com a comissão de Credores.
Rui Machete
Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros
Mantém-se na pasta dos Negócios Estrangeiros de que era titular desde 2013, quando foi convidado para substituir Portas que passou a vice-primeiro-ministro. Advogado, já ocupou vários cargos em governo anteriores e foi administrador do Banco de Portugal e da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, entre vários outros cargos públicos. Protagonizou várias polémicas na sua passagem pelo governo de Passos, como o facto de ter omitido do seu currículo cargos que teve no BPB ou o pedido de desculpas a angola por investigações judiciais em curso em Portugal a altos cargos daquele país.
José Pedro Aguiar-Branco
Ministro da Defesa Nacional
Advogado, licenciado em Coimbra e com escritório no Porto, foi ministro da Justiça de Santana Lopes e Passos convidou-o para a Defesa em 2011. Mantém-se no cargo neste novo Executivo. Militante do PSD desde os anos 70, foi presidente da Assembleia Municipal do Porto e deputado à Assembleia da República. Em 2010 concorreu à liderança do PSD, contra Passos, perdeu e foi "recuperado" para o primeiro executivo da coligação.
Luís Marques Guedes
Ministro da Presidência e do Desenvolvimento Regional
Outro repetente, antes Adjunto e dos Assuntos Parlamentares e que agora liderará o Ministério da Presidência e do Desenvolvimento. Deputado pelo PSD desde 1995, foi líder da bancada parlamentar do Partido e presidente do Instituto Português da Juventude. No anterior Governo começou como secretário de Estado da presidência do Conselho de Ministros.
Assunção Cristas
Ministra da Agricultura e do Mar
É um dos nomes do CDS-PP que fica do anterior Governo e que mantém a mesma pasta. Assunção Cristas é licenciada em direito e militante do CDS desde 2007, foi eleita deputada à Assembleia da República por Leiria pela terceira vez nestas legislativas. Chegou ao anterior governo com uma "super pasta", que além da Agricultura e do Mar, integrava o Ambiente e o Ordenamento do Território, que depois passariam para Moreira da Silva. Faz parte do mnúcleo duro de Paulo Portas.
Pedro Mota Soares
Ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social
Outro nome do CDS-PP, braço direito de Paulo Portas. Tal como Cristas, mantém as funções que trazia já do anterior executivo e que aumentaram em 2013, quando passou a ter também o emprego. Advogado, foi presidente da Juventude Centrista (actual (Juventude Popular), secretário-geral do CDS-PP e membro da Comissão Directiva do partido. Juntamente com Cristas, integra o núcleo duro mais próximo do líder do CDS.
Jorge Moreira da Silva
Ministro do Ambiente, Ordenamento do T. e Energia
Licenciado em Engenharia Electrotécnica é consultor internacional e docente universitário na área do ambiente e energia. Foi, desde 2010, vice-presidente do PSD e desde 2012 é também coordenador da Comissão Permanente da Comissão Política Nacional do PSD. Foi consultor de Cavaco para as áreas da energia e alterações climáticas e ministro desde 2013, data em que ocupou as pastas do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, as mesmas que agora mantém no novo Executivo.
João Calvão da Silva
Ministro da Administração Interna
Jurisconsulto na "liberalidade" de José Guilherme
O substituto de Anabela Rodrigues, João Calvão da Silva, é doutorado na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde é professor catedrático, e tem uma longa carreira académica, que cruza com a actividade empresarial e política. Na política, começou por destacar-se entre 1983 e 1985 como secretário de Estado Adjunto do vice-primeiro-ministro Mota Pinto. Cerca de uma década depois, ingressaria na Assembleia da República, para integrar a comissão de Assuntos Constitucionais. No mundo dos negócios, passou pela administração do Totta & Açores, do Banco Crédito Predial Português, da SIC e da seguradora Global. Jurisconsulto, foi um dos autores do parecer que classificou como uma "liberalidade, por conselho dado a título pessoal" os 14 milhões de euros entregues pelo construtor civil José Guilherme a Ricardo Salgado.
Fernando Negrão
Ministro da Justiça
O PSD queria-o como presidente do Parlamento
Fernando Mimoso Negrão foi um dos deputados do PSD que mais se destacaram na última legislatura, depois de ter assumido a presidência da comissão parlamentar de inquérito ao BES. Jurista de profissão, acabou recentemente de perder as eleições para presidente da Assembleia da República para Ferro Rodrigues. Formado em Direito, magistrado judicial de carreira, Fernando Negrão começou por dar nas vistas enquanto director da PJ, de onde saiu após se ter visto envolvido em suspeitas de violação do segredo de justiça. Em termos governativos, foi ministro da Segurança Social durante a curta governação de Pedro Santana Lopes. Desde então tem ocupado lugar no Parlamento, com um protagonismo crescente. Foi escolhido por Passos Coelho e Paulo Portas para a pasta da Justiça, de onde sai Paula Teixeira da Cruz.
Maria Teresa Morais
Ministra da Cultura, Igualdade e Cidadania
Uma jurista toma conta do regressado Ministério da Cultura
Teresa Morais, jurista, anterior secretária de Estado para a Igualdade, é a nova ministra da Cultura, Igualdade e Cidadania, nomeada para o novo governo PSD/CDS-PP. Teresa Morais, 56 anos, irá liderar uma área - a da Cultura - cujo ministério tinha sido extinto em 2011, quando entrou em funções o primeiro governo de Pedro Passos Coelho. Na altura, o ministério deu lugar a uma secretaria de Estado, directamente dependente do primeiro-ministro. Formada em Direito, Teresa Morais foi secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e para Igualdade desde 2011, tendo incentivado a aplicação de medidas na área do combate à violência doméstica, como a teleassistência, a videovigilância e o apoio às casas-abrigo para vítimas. Na legislatura de 2009-2011, foi vice-presidente do grupo parlamentar do PSD.

Miguel Morais Leitão
Ministro da Economia
Jurista da área financeira vai liderar economia
Luís Miguel Gubert Morais Leitão, 51 anos, é o sucessor de António Pires de Lima no Ministério da Economia, no XX Governo Constitucional do país. Vogal da comissão executiva do CDS-PP desde 2007, Morais Leitão é actualmente secretário de Estado Adjunto do vice-primeiro-ministro Paulo Portas, tendo sido, no mesmo Executivo, secretário de Estado dos Assuntos Europeus, até 2013. Jurista, a sua carreira profissional assentou na área financeira, designadamente no BPI, grupo do qual foi administrador e CEO de várias empresas, entre 1993 e 2011, dos seguros à gestão de activos. O interregno no sector público aconteceu por pouco tempo: entre 2003 e 2004, quando liderou as empresas públicas de defesa Edisoft, Ogma (era CEO quando Paulo Portas decretou a privatização) e Emporderf; e entre Julho de 2004 e Março de 2005, quando foi secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, do ministro Bagão Félix, no Governo de Santana Lopes.
Fernando Leal da Costa
Ministro da Saúde
De secretário de Estado a ministro
Fernando Leal da Costa nasceu em 1959 e é licenciado em Medicina pela Universidade de Lisboa. Consultor de Hematologia Clínica da carreira médica hospitalar, o ex-secretário de Estado foi chefe de serviço de Hematologia do Instituto Português de Oncologia de Lisboa, até à data da sua nomeação para o Executivo ainda em funções, em 2011. Ao longo do seu percurso profissional foi membro da Comissão de Avaliação de Medicamentos do Infarmed. Entre 2001 e 2002, foi subdirector-geral da Saúde. Em 2003 e 2004, integrou a Comissão de Coordenação para a elaboração do Plano Nacional de Saúde, tendo sido membro da Comissão de Acompanhamento do Plano Nacional de Saúde, de 2004 a 2006. Foi consultor para os Assuntos da Política da Saúde na Casa Civil do Presidente da República de 2006 a 2011.
Margarida Mano
Ministra da Educação e Ciência
Cabeça de lista por Coimbra com experiência na banca
Antiga vice-reitora da Universidade de Coimbra, Margarida Mano vai substituir Nuno Crato. Nas últimas legislativas encabeçou a lista da coligação Portugal à Frente, justamente por este distrito, sendo eleita, com outros três deputados. Margarida Mano é doutorada em Gestão pela Universidade de Southampton e exercia a docência na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra até ser candidata a deputada. Das suas áreas de interesse científico, segundo a página da Universidade de Coimbra, destacam-se Gestão Estratégica, Qualidade na Administração Pública e Modelos de Governação na Educação. A nível profissional, relata a mesma fonte, é ainda de referir a experiência no sector privado, com colaborações em diversos organismos e o desempenho de funções de direcção na banca. Integrou a direcção do Banco Português do Atlântico e do BCP.
Rui Pedro Medeiros
Ministro da Modernização Administrativa
Um estreante nas lides governativas
Rui Medeiros, a personalidade escolhida por Passos Coelho e Paulo Portas para a pasta o novo Ministério da Modernização Administrativa é um estreante na actividade governativa mas um decano do direito. Licenciou-se em 1987 em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Católica, onde fez o mestrado, o doutoramento e onde se manteve a dar aulas ou em cargos de direcção. É também sócio principal da Sérvulo desde a sua fundação. Especialista em Direito Constitucional e Administrativo, ao longo dos últimos anos esteve ao lado do Governo na defesa das medidas mais polémicas que acabaram por ser dirimidas pelo Tribunal Constitucional - e que, na sua maioria, foram chumbadas. Acaba de ser indicado para uma pasta nova, que até agora apenas tinha uma secretaria de Estado: a da Modernização Administrativa.
Carlos da Costa Neves
Ministro dos Assuntos Parlamentares
Um açoriano que já esteve em dois governos
O açoriano Carlos Costa Neves está longe de ser um estreante no campo da política governativa. Além de vários cargos exercidos nos Açores, já foi ministro da Agricultura, no Executivo de Santana Lopes, e secretário de Estado dos Assuntos Europeus, na altura em que Durão Barroso foi primeiro-ministro. É membro do PSD-Açores em 1977, onde ocupou o cargo de presidente da Comissão Política Regional. Foi também candidato à presidência do Governo açoriano em 2008. Entre 1994 e 2002 foi eurodeputado Após a sua passagem pelo Ministério da Agricultura, viu o seu nome ser associado ao chamado Caso Portucale, que envolveu a investigação das suas responsabilidades no despacho que aprovou um empreendimento turístico da empresa Portucale. Tem 54 anos e é licenciado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.