Corte na duração dos contratos a prazo e das renovações.
As propostas
O Governo quer reduzir a duração máxima dos contratos a termo de três para dois anos e introduzir travões às renovações. A ideia é que a duração do total de renovações (que continuarão a ser três) não possa exceder a duração do contrato inicial. Assim, quem contrate um trabalhador a termo por seis meses, por exemplo, poderá apenas renovar os contratos por um período total de outros seis meses (seis + seis ou seis + três + três).
As reacções
As propostas para a redução dos contratos a termo certo foram bem recebidas pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda. Mas, numa primeira reacção, os patrões consideraram que o pacote de medidas apresentado é extemporâneo. "O Turismo tem uma sazonalidade bastante grande e portanto nesta altura do campeonato estar a abrir esta negociação" é dar "um sinal errado" ao mercado e aos empresários, afirmou Francisco Calheiros, da Confederação do Turismo, à saída da reunião de concertação social de sexta-feira.
Outros limites à contratação não permanente.
As propostas
O Governo quer eliminar a norma que permite contratar a termo jovens à procura de primeiro emprego ou desempregados de longa duração, excepto quando o desemprego dura há mais de dois anos. Além disso, anunciou que vai limitar os contratos a termo incerto a um máximo de quatro anos, contra os seis anos que hoje vigoram. Sinaliza ainda a intenção de limitar as renovações de contrato de trabalho temporário, apesar de não se comprometer com um número.
As reacções
A limitação do trabalho temporário foi muito discutida com o Bloco de Esquerda e deverá continuar a sê-lo. Num comunicado divulgado na sexta-feira, o Bloco aplaude o facto de o Governo ter proposto o reforço da informação sobre os fundamentos da contratação temporária, importante para "combater abusos". Mas quanto aos limites às renovações ainda não haverá acordo. O BE propõe 3 renovações para uma duração total máxima de 6 meses, mas o Governo não assumiu qualquer valor.
Fim do banco de horas por negociação individual.
As propostas
A medida está prevista no Programa do Governo e é assumida no documento que foi entregue na sexta-feira aos parceiros sociais. A ideia é acabar com o banco de horas quando este é introduzido por negociação directa e individual com o trabalhador, permitindo um acréscimo de duas horas por dia (até 50 por semana) mais tarde compensado em tempo (e não em dinheiro). O Governo mantém, no entanto, a figura do banco de horas quando consagrada por contratação colectiva.
As reacções
Este é um dos pontos mais críticos para a CIP. "O banco de horas é o instrumento que as empresas têm para adaptar os horários de trabalho às encomendas e a este mundo global em que hoje exercemos as actividades. Não é nada de utilização selvagem", disse António Saraiva, à saída da concertação social. A CIP tem contestado os números oficiais que apontam para apenas 23 mil pessoas abrangidas. A associação da distribuição (APED) garante que só no seu sector há mais de 50 mil pessoas abrangidas.
Novos prazos na contratação colectiva.
As propostas
Vieira da Silva tem deixado claro que não defende o fim da caducidade das convenções colectivas nem a reposição do princípio do tratamento mais favorável, reclamadas pelos sindicatos. Mas nas propostas que apresentou admite alterar o processo que leva à caducidade, atrasando-o. Em causa está a possibilidade de os tribunais arbitrais suspenderem o prazo da sobrevigência dos contratos, dando até mais seis meses às partes.
As reacções
Este é o ponto mais crítico para a CGTP e para o PCP. Arménio Carlos lamentou que o Governo não acabe com a caducidade das convenções colectivas e que não garanta a reposição do princípio do tratamento mais favorável. "Estamos em absoluto desacordo com a decisão do governo de manter a caducidade da contratação colectiva, de não repor o princípio do tratamento mais favorável ao trabalhador", referiu Rita Rato, à Lusa. Também a UGT considerou que as alterações à norma da caducidade são "pouca coisa".
Nova taxa para quem mais recorre aos contratos a termo.
As propostas
A medida que veio substituir a diferenciação da TSU consiste na aplicação de uma taxa de 1% a 2% às empresas que a partir do próximo ano contratem mais a termo certo do que a média
do seu sector. Ainda há vários detalhes em aberto, mas a ideia é que seja aplicada aos empregadores, incidindo sobre os salários dos contratados, no final de 2019. Não está previsto que a taxa abranja contratos a termo incerto nem recurso ao trabalho temporário.
As reacções
A CGTP considerou que a nova taxa pode na prática levar a uma redução dos salários dos trabalhadores abrangidos, o PCP manifestou "dúvidas" sobre a eficácia da medida e o PSD, segundo a Lusa, também está contra. A taxa é apoiada pelo Bloco de Esquerda, que, em comunicado, aplaudiu o facto de o Governo ter assumido esta proposta. Mas pediu que a medida tenha maior alcance, ao considerar que "é preciso que a base de incidência e o valor concreto da taxa garantam o seu efeito dissuasor".