Depois de vários anos marcados por taxas de inflação próximas de zero, ou mesmo negativas, 2017 vai trazer a reflação. O plano económico de Donald Trump e a implementação de medidas de estímulo orçamental deverão ajudar a sustentar a subida da inflação e do crescimento a nível global.
"O cenário de baixo crescimento/baixa inflação que caracterizou os últimos anos vai dar lugar a uma fase mais disseminada e heterogénea economicamente", diz a Pioneer. Para a gestora, "políticas de maior expansão orçamental executadas principalmente através de cortes de impostos vão ser a primeira abordagem escolhida pelos governos para responder ao descontentamento social, enquanto tentam estimular o crescimento e a inflação". "2017 deverá mostrar-se um ano de transição, afastando-se de um ambiente de juros extremamente baixos", remata o RBC Capital Markets.
2017 deverá ser marcado pelo regresso da inflação, suportada pelas medidas de Trump.
As duas últimas semanas ficaram marcadas por importantes decisões de política monetária nos EUA e na Zona Euro. Enquanto o Banco Central Europeu (BCE) estendeu o seu programa de compra de activos até Dezembro de 2017, a Reserva Federal dos EUA subiu a sua taxa de referência e sinalizou mais três subidas em 2017. Decisões em sentido contrário que deverão manter-se em 2017, aumentando a divergência monetária entre as duas regiões.
"Com a subida da inflação mais avançada, a Fed é provável que aumente os juros no futuro, ainda que cautelosamente", explica o Crédit Suisse. Já "outros bancos centrais devem manter uma abordagem muito acomodatícia", remata o banco de investimento. Também a Allianz GI antecipa que "o Banco Central Europeu e o Banco do Japão devem manter as suas políticas monetárias flexíveis", afastando-se da política da Fed.
BCE e Fed deverão seguir políticas monetárias com rumos distintos nos próximos 12 meses.
Este ano foi marcado pela incerteza política. Factores como o Brexit e a eleição de Trump foram os grandes eventos improváveis que acabaram por concretizar-se. E a instabilidade política deverá continua a agitar a negociação nos próximos 12 meses. Num ano em que franceses e alemães vão às urnas, eventos populistas com candidatos mais extremistas (como Le Pen, em França) a ganhar apoios podem causar volatilidade.
Casas como o Citi, a Allianz GI ou o Goldman Sachs consideram os movimentos populistas um dos grandes riscos de 2017. Ainda assim, os especialistas mostram-se confiantes que o impacto destes eventos seja limitado. "Os eventos políticos deverão novamente despertar turbulência em 2017, mas os bancos centrais vão provavelmente continuar a suprimir o risco no mercado", diz o Crédit Suisse. Assim, momentos de correcção "oferecem oportunidades".
Os eventos políticos deverão continuar a gerar ansiedade entre os investidores no próximo ano.