Procura-se novo acordo na OPEP, agora para aumentar produção
Com a maior expectativa de que seja anunciado um crescimento na produção de petróleo, a dúvida reside na dimensão desse aumento. Disso vai depender a evolução dos preços nos mercados.
Viena é, esta sexta-feira, palco de mais uma reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Depois de, em Novembro de 2016, ter sido acordado um corte na produção que ditou a recuperação dos preços da matéria-prima, a decisão desta reunião será no sentido inverso. O que é que isso pode significar para as cotações do ouro negro? Vai depender da dimensão do aumento.
A última semana foi marcada por uma intensa negociação entre os produtores dentro e fora da OPEP, em Viena. E, nas últimas horas, aumentou a expectativa de que as conversações venham a culminar num acordo para aumentar a produção, como pretendem a Arábia Saudita e a Rússia. Inicialmente, encontraram a oposição do Irão e Venezuela, que pretendiam manter os cortes até ao final do prazo definido, o final de 2018.
Esta tem sido, nas últimas semanas, considerada uma das reuniões com mais divisões dos últimos anos. Mas começaram a emergir sinais de acordo. Uma das últimas declarações públicas foi do ministro da Energia da Arábia Saudita que afirmou, esta quinta-feira, que o cartel deveria ajudar os consumidores, ao colocar mais petróleo no mercado. "Não vamos permitir que uma falta [de petróleo] se materialize a ponto de que os mercados o reflictam e os consumidores sejam afectados", sublinhou Khalid Al-Falih.
"Há alguma confiança de que as opiniões estão a convergir", afirmou à Bloomberg Harry Tchilinguirian. O responsável pela estratégia de investimento do BNP Paribas acrescentou ainda que "o consenso que está a emergir é de que um aumento de 500 mil barris por dia, ou talvez até um milhão, possa ser alcançado". Fontes próximas das negociações, citadas pela Bloomberg, revelam que a Arábia Saudita terá defendido um aumento de 600 mil barris por dia.
Analista do BNP Paribas
Uma nota de investimento do JPMorgan revelou também a estimativa de uma subida de, pelo menos, 500 mil barris diários. "Qualquer aumento da produção até aos 500 mil barris por dia seria optimista para o mercado", defendeu à Bloomberg Alessio de Longis. Contudo, o especialista da Oppenheimer frisou que "o risco, claro, é que possamos ter um anúncio que se aproxime de um milhão" de barris.
"Há uma capacidade muito limitada no mercado, pelo que os produtores têm de ser cuidadosos em relação a quanto aumentam a produção ou, de outro modo, arriscam-se a criar problemas no futuro se a sua oferta adicional for facilmente absorvida", disse ao Financial Times, Pierre Andurand. De qualquer forma, para já, o gestor de um "hedge fund" que investe em petróleo mantém a previsão de que os preços vão continuar a subir.
Esta quinta-feira, as cotações reflectiram a expectativa em torno desta reunião. Em Londres, o Brent, que serve de referência às importações portuguesas, cedia 1,58% para os 73,57 dólares por barril. O WTI já seguia em terreno positivo e somava 0,44% para os 66 dólares.
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