Portugal paga juros ligeiramente mais altos para emitir dívida a 10 anos
O IGCP colocou 1.250 milhões de euros em títulos de dívida a 5 e a 10 anos. Os custos de financiamento subiram ligeiramente no prazo mais longo mas desceram de forma acentuada no mais curto.
O IGCP colocou 490 milhões de euros em títulos com maturidade em 17 de Outubro de 2022 e 760 milhões em obrigações do Tesouro com maturidade em 17 de Outubro de 2028.
Nos títulos a 10 anos o tesouro português suportou uma taxa de 2,046%, que compara com 1,939% no último leilão realizado em Novembro, que ficou marcado pelo custo de financiamento mais baixo de sempre.
Apesar desta subida ligeira no juro face ao leilão de Novembro, a taxa de 2,046% até compara favoravelmente com a "yield" registada na emissão sindicada realizada a 17 de Janeiro, através da qual colocou 4 mil milhões de euros com uma taxa de 2,14%.
Além do agravamento do juro ter sido pouco substancial na emissão a 10 anos, a procura foi robusta, mais do que duplicando a oferta, o que confirma que persiste o interesse dos investidores por dívida portuguesa. No leilão de Novembro o rácio de cobertura foi de 1,57 vezes a oferta. Em Outubro Portugal pagou 2,327% para emitir dívida a 10 anos.
As condições do mercado sofreram alterações nas últimas semanas, com os investidores a mostrarem um menor apetite por dívida soberana devido à expectativa de alta da inflação e consequente maior agressividade na política monetária do BCE. No mercado secundário a taxa da dívida a 10 anos está nos 2,094%, a cair 4,2 pontos base face a ontem.
Na emissão a 10 anos "a taxa subiu face à última emissão, mas isso é o que tem acontecido com as taxas das dívidas soberanas mais recentemente, como a Alemanha, dada a expectativa de subida de juros", refere Paulo Rosa, Senior Tader do Banco Carregosa.
Juros caem fortemente na emissão a 5 anos
Na emissão a cinco anos a "yield" situou-se em 0,577%, o que compara com a taxa de 0,916% registada no último leilão comparável, realizado em Outubro do ano passado.
Quando comparado com o resultado do leilão de dívida a cinco anos realizado em Junho (a "yield situou-se nos 1,198%), a descida dos juros ainda é mais substancial, pois o custo desse financiamento mais do que duplica o actual.
A procura na emissão a cinco anos realizada hoje foi ainda mais forte, superando em 3,63 vezes o montante colocado. "Na emissão a 5 anos, formalmente, temos uma descida acentuada face à taxa da última emissão comparável. Mas é uma comparação um pouco artificial porque a última vez que Portugal emitiu dívida a 5 anos foi em outubro passado, antes de um período de queda acentuada nos juros", refere Paulo Rosa.
Quando agendou o este duplo leilão, o IGCP afirmou que o montante indicativo global oscilava entre 1.000 milhões e 1.250 milhões de euros, tendo assim optado por colocar o montante máximo previsto.
(notícia actualizada às 11:30 com mais informação)
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