Comente aqui o artigo de Ulisses Pereira

O actual "Bear Market" da Bolsa portuguesa celebrará, dentro de um mês, o seu terceiro aniversário. Apesar de alguns ganharem dinheiro com as quedas, "Bear Market" rima com perdas, frustração, empobrecimento, desinteresse. Apesar da minha visão negativa sobre o mercado, de vestir este bolorento fato de urso e parecer apaixonado pela causa das quedas, sonho sempre com o momento em que o mercado inverta e eu volte a ser portador de boas notícias e análises optimistas.

Fevereiro tem sido um bom mês para a Bolsa portuguesa. Uns dirão que o PSI nunca poderá voltar aos níveis a que esteve porque, pelo caminho, implodiu o BES e a PT. Percebo o cepticismo, mas os mercados e as economias reinventam-se, num movimento cíclico. Os motores da economia mundial de hoje não são os mesmos de há 20 anos atrás. E, por mais que nos custe a crer em certos cenários, não fechemos portas pois, há alguns anos atrás, ninguém acreditaria ver o BCP quase a zero.

O PSI tem vivido num autêntico Inferno mas tem o Purgatório à vista. A zona de resistência entre os 4800 e os 4850 pontos tem sido um teste que o índice português não tem superado e encontra-se agora a menos de 5% de distância. Se o PSI conseguir quebrar, consistentemente, esta zona de resistência, terá dado o primeiro grande sinal de força dos últimos 3 anos. Caso isso aconteça, embora não vista o fato de touro, despirei o de urso e abandonarei este discurso de Velho de Restelo.

Não serão as declarações de Marcelo ou de António Costa que me farão ficar optimista, nem as de Passos Coelho que me farão reforçar o meu pessimismo. Serão sempre os gráficos, com o seu habitual pragmatismo, que me mostrarão o rumo dos próximos meses. Continuo à espera do sinal de saída do Inferno. O purgatório está à vista, mas falta o último passo.